Polícia
Parto humanizado busca estimular o vínculo entre mãe e filho
Vínculo entre mãe e filho é estimulado assim que a mulher dá à luz<br />
10/03/2012 08h08
“Momento importante na vida de uma mulher, a forma de realização de um parto deve ser decidida pela mãe (ou pelo casal) de forma consciente”, é o que defende a médica obstetra Mariana Simões, que há quatro anos trabalha com o parto humanizado.
Esse método respeita a vontade da mulher e se propõe a colocá-la como protagonista da situação. “Ela escolhe a posição que prefere parir: deitada, de cócoras, utilizando uma cadeira de parto, ou dentro da água – se houver uma banheira esterilizada”, explica Dra. Mariana.
De acordo com a obstetra, desse modo, o nascimento do bebê ocorre sem procedimentos cirúrgicos e sem intervenções, ou somente com as intervenções necessárias. A gestante não recebe nenhum tipo de anestésico, apenas ocitocina sintética – uma substância que estimula as contrações do útero.
Mariana ressalta que o vínculo entre mãe e filho é estimulado assim que a mulher dá à luz, antes mesmo do rompimento do cordão umbilical. “Quando a criança vem ao mundo, a levamos para o seio da mãe para estabelecer essa relação afetiva, depois partimos para os procedimentos como higienização e exames”, explica.
A médica observa ainda que os principais privilégios na escolha pelo parto humanizado são a autoestima e a força exercidas pela mulher. “A gestante se torna dona do seu momento, não recebe os comandos de um médico, e a recuperação é mais rápida por não haver procedimento cirúrgico”, finaliza.
Parir em casa
O parto domiciliar trabalha com os conceitos do parto humanizado, mas com a diferença de ser realizado em casa. Esse método conta com o auxílio das doulas (do grego, “mulher que serve”); essas profissionais dão apoio emocional para as gestantes antes, durante e depois de as mulheres darem à luz.
O procedimento ficou bem conhecido depois que a modelo Gisele Bündchen teve seu filho na banheira de casa. A filha da apresentadora Ana Maria Braga, Mariana Maffei Feola, também ganhou repercussão na mídia quando aderiu ao parto domiciliar.
Segundo a médica Mariana Simões, a prática é reconhecida pela OMS e, para garantir a segurança, é necessário que o local de realização do parto fique a no máximo 20 minutos de uma unidade hospitalar. No entanto, nem todas as mulheres podem conceber bebês desta forma. “A gravidez precisa ser de baixíssimo risco”, alerta a obstetra.
Um vídeo postado no Youtube recentemente mostra o nascimento de um bebê em casa e teve mais de 1,7 milhão de acessos em menos de um mês. As imagens revelam a emoção da gestante, do pai e da equipe que acompanhou o parto realizado em Campinas (SP). O BOL conversou com a mãe e com a autora do vídeo para contar a experiência, porém a publicação do conteúdo foi desautorizada após informamos que a reportagem ouviria também uma opinião médica que poderia ser contrária ao procedimento, visando a mostrar diferentes lados da questão.
Experiências bem-sucedidas
A Casa Ângela, mantida pela ONG Monte Azul, na zona sul de São Paulo, trabalha desde 2008 atendendo às mulheres da comunidade com partos humanizados. Hoje, o local faz acompanhamento pré-natal de 87 gestantes, além das mães que são atendidas no pós-parto. De acordo Romilda Dias, enfermeira obstetra responsável, a casa tem capacidade para realizar 150 partos por mês.
Romilda explica que, na Casa Ângela, as mulheres dão à luz sempre com o acompanhamento de uma enfermeira obstetra, em quartos equipados com todos os aparatos determinados pelo Ministério da Saúde e ainda uma banheira, para o caso de parir na água.
“A mulher tem que estar muito bem informada sobre a opção pelo parto humanizado. Por isso, trabalhamos com grupos de gestantes que orientam desde detalhes sobre a gestação até o momento da amamentação. Além disso, oferecemos um trabalho de fisioterapia, que ensina a paciente a desenvolver movimentos voltados para o períneo (região dos órgãos sexuais externos), o que facilita a realização do parto”, conclui Romilda.
Diferentemente das mulheres que procuram casas de parto, a professora paraense Edna Abreu Barreto, 43, optou por conceber seus filhos em casa. Edna é mãe de Cecília, 6, e Danilo, 3. “Quando escolhi o parto domiciliar, não estava fazendo algo por modismo; eu li sobre, frequentei grupos de discussão e, por fim, decidi junto com meu companheiro. O mais importante para mim era respeitar o processo natural do meu corpo”, conta a professora.
Edna relata que não teve complicações de saúde, mas sempre contava com um ‘plano B’ para recorrer a um hospital em caso de emergência. Os filhos da professora foram encaminhados a pediatras para procedimentos de praxe após o nascimento. Sobre a relação com as crianças, ela destaca: “Existe um acolhimento muito respeitoso, os bebês já vinham para meu colo logo após eu dar à luz, e meu marido rompeu o cordão umbilical. Aliás, não imaginaria meu parto sem a ajuda dele. Foi de muita importância para mim”.
Quais os riscos dos partos humanizado e domiciliar?
Apesar do movimento que se coloca a favor do parto domiciliar, dar à luz em casa não é recomendado pelo Conselho Regional de Medicina. De acordo com o órgão, as casas de parto também só devem ser utilizadas quando a mulher não teve nenhum problema durante a gestação, já que são capacitadas somente para ocorrências de baixo risco, sem a assistência médica de uma maternidade completa.
A Dra. Vera Fonseca, obstetra e diretora administrativa da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), afirma que o parto domiciliar só deve ser aceito nos locais onde não há hospitais.
“O parto é um ato médico que só deve ser realizado dentro do meio hospitalar. No caso de um sangramento, por exemplo, o tempo que leva da casa da pessoa até o hospital pode ser determinante no estado de saúde da paciente. Precisamos esclarecer a população; as mulheres correm um risco maior nesse procedimento. Na Austrália, uma mulher morreu por falta do atendimento médico necessário”, defende a obstetra.
Esse método respeita a vontade da mulher e se propõe a colocá-la como protagonista da situação. “Ela escolhe a posição que prefere parir: deitada, de cócoras, utilizando uma cadeira de parto, ou dentro da água – se houver uma banheira esterilizada”, explica Dra. Mariana.
De acordo com a obstetra, desse modo, o nascimento do bebê ocorre sem procedimentos cirúrgicos e sem intervenções, ou somente com as intervenções necessárias. A gestante não recebe nenhum tipo de anestésico, apenas ocitocina sintética – uma substância que estimula as contrações do útero.
Mariana ressalta que o vínculo entre mãe e filho é estimulado assim que a mulher dá à luz, antes mesmo do rompimento do cordão umbilical. “Quando a criança vem ao mundo, a levamos para o seio da mãe para estabelecer essa relação afetiva, depois partimos para os procedimentos como higienização e exames”, explica.
A médica observa ainda que os principais privilégios na escolha pelo parto humanizado são a autoestima e a força exercidas pela mulher. “A gestante se torna dona do seu momento, não recebe os comandos de um médico, e a recuperação é mais rápida por não haver procedimento cirúrgico”, finaliza.
Parir em casa
O parto domiciliar trabalha com os conceitos do parto humanizado, mas com a diferença de ser realizado em casa. Esse método conta com o auxílio das doulas (do grego, “mulher que serve”); essas profissionais dão apoio emocional para as gestantes antes, durante e depois de as mulheres darem à luz.
O procedimento ficou bem conhecido depois que a modelo Gisele Bündchen teve seu filho na banheira de casa. A filha da apresentadora Ana Maria Braga, Mariana Maffei Feola, também ganhou repercussão na mídia quando aderiu ao parto domiciliar.
Segundo a médica Mariana Simões, a prática é reconhecida pela OMS e, para garantir a segurança, é necessário que o local de realização do parto fique a no máximo 20 minutos de uma unidade hospitalar. No entanto, nem todas as mulheres podem conceber bebês desta forma. “A gravidez precisa ser de baixíssimo risco”, alerta a obstetra.
Um vídeo postado no Youtube recentemente mostra o nascimento de um bebê em casa e teve mais de 1,7 milhão de acessos em menos de um mês. As imagens revelam a emoção da gestante, do pai e da equipe que acompanhou o parto realizado em Campinas (SP). O BOL conversou com a mãe e com a autora do vídeo para contar a experiência, porém a publicação do conteúdo foi desautorizada após informamos que a reportagem ouviria também uma opinião médica que poderia ser contrária ao procedimento, visando a mostrar diferentes lados da questão.
Experiências bem-sucedidas
A Casa Ângela, mantida pela ONG Monte Azul, na zona sul de São Paulo, trabalha desde 2008 atendendo às mulheres da comunidade com partos humanizados. Hoje, o local faz acompanhamento pré-natal de 87 gestantes, além das mães que são atendidas no pós-parto. De acordo Romilda Dias, enfermeira obstetra responsável, a casa tem capacidade para realizar 150 partos por mês.
Romilda explica que, na Casa Ângela, as mulheres dão à luz sempre com o acompanhamento de uma enfermeira obstetra, em quartos equipados com todos os aparatos determinados pelo Ministério da Saúde e ainda uma banheira, para o caso de parir na água.
“A mulher tem que estar muito bem informada sobre a opção pelo parto humanizado. Por isso, trabalhamos com grupos de gestantes que orientam desde detalhes sobre a gestação até o momento da amamentação. Além disso, oferecemos um trabalho de fisioterapia, que ensina a paciente a desenvolver movimentos voltados para o períneo (região dos órgãos sexuais externos), o que facilita a realização do parto”, conclui Romilda.
Diferentemente das mulheres que procuram casas de parto, a professora paraense Edna Abreu Barreto, 43, optou por conceber seus filhos em casa. Edna é mãe de Cecília, 6, e Danilo, 3. “Quando escolhi o parto domiciliar, não estava fazendo algo por modismo; eu li sobre, frequentei grupos de discussão e, por fim, decidi junto com meu companheiro. O mais importante para mim era respeitar o processo natural do meu corpo”, conta a professora.
Edna relata que não teve complicações de saúde, mas sempre contava com um ‘plano B’ para recorrer a um hospital em caso de emergência. Os filhos da professora foram encaminhados a pediatras para procedimentos de praxe após o nascimento. Sobre a relação com as crianças, ela destaca: “Existe um acolhimento muito respeitoso, os bebês já vinham para meu colo logo após eu dar à luz, e meu marido rompeu o cordão umbilical. Aliás, não imaginaria meu parto sem a ajuda dele. Foi de muita importância para mim”.
Quais os riscos dos partos humanizado e domiciliar?
Apesar do movimento que se coloca a favor do parto domiciliar, dar à luz em casa não é recomendado pelo Conselho Regional de Medicina. De acordo com o órgão, as casas de parto também só devem ser utilizadas quando a mulher não teve nenhum problema durante a gestação, já que são capacitadas somente para ocorrências de baixo risco, sem a assistência médica de uma maternidade completa.
A Dra. Vera Fonseca, obstetra e diretora administrativa da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), afirma que o parto domiciliar só deve ser aceito nos locais onde não há hospitais.
“O parto é um ato médico que só deve ser realizado dentro do meio hospitalar. No caso de um sangramento, por exemplo, o tempo que leva da casa da pessoa até o hospital pode ser determinante no estado de saúde da paciente. Precisamos esclarecer a população; as mulheres correm um risco maior nesse procedimento. Na Austrália, uma mulher morreu por falta do atendimento médico necessário”, defende a obstetra.
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