Arapiraca

Do autoexame ao pós-câncer de mama: história de quem enfrentou a doença

Por Clau Soares, especial para o 7Segundos 31/10/2014 13h01
Do autoexame ao pós-câncer de mama: história de quem enfrentou a doença
- Foto: Reprodução

Sorriso largo, cheio de alegria. Maria Aparecida Mendes da Silva, de 47 anos, é o tipo de pessoa que transmite boa energia somente com o olhar. Tímida, ela prefere não fazer fotos, mas conta sua história de superação com a segurança de quem sabe que a vida é muito fugidia, para nos escondermos atrás do medo. Em 2012, ela descobriu um câncer de mama e, depois de uma árdua luta, ela retomou a rotina de trabalho, como servidora pública, em maio deste ano.

Cida, como é chamada pelos amigos e colegas de trabalho, lembra que foi em meio à campanha do Outubro Rosa que fez o autoexame e percebeu que havia um pequeno nódulo na mama esquerda. “Eu sempre fazia”, destaca. Sem acreditar, ela refez o toque diversas vezes. Comentou com as irmãs em casa, marcou uma mamografia que, no mês seguinte, confirmou o diagnóstico de câncer.

A atenção do médico que fez a mamografia foi um alívio para Cida, apesar das circunstâncias. “Ele não me disse o resultado. ‘Perguntou quem era minha médica, pediu para eu esperar na recepção e disse que ia ligar para ela”. Como o médico não conseguiu sucesso nas ligações, disse para Cida voltar no dia seguinte para coleta de material para a biópsia e realização de ultrassonografia.

Nada estava confirmado, mas Aparecida chegou em casa aos prantos. O apoio da família deu ainda mais forças para Cida. Todas as irmãs, são oito ao todo, deram apoio a ela. “A partir desse momento, todas passaram a estar mais lá em casa”, disse. Foi a irmã mais velha que pegou o resultado da biópsia no Núcleo de Prevenção e Diagnóstico do Câncer, em Arapiraca, e levou para a médica que chamou Cida ao consultório onde ela ficou por três horas. “Ela me deu vários exemplos de superação da doença. ‘Foi ótima para mim”, lembra.

Do autoexame até a cirurgia para retirada do tumor, foram apenas dois meses. Cida, ao contrário de muitas pacientes, enfrentou a situação de frente. “Lembro-me de ter chorado até uma quinta-feira antes da cirurgia. Na sexta-feira, já não chorei mais”, revela. Perder a mama foi impactante para a paciente, mas o tratamento pós-cirúrgico precisava ser feito. Ela fez quimioterapia, de janeiro a julho de 2013, e em seguida, foram mais 28 sessões de radioterapia.

Poder fazer o tratamento em Arapiraca foi um dos pontos que ajudou Cida na recuperação. “Fiquei com medo de ter que ir para Maceió, mas acabamos conseguindo realizar a quimio e a radio no Hospital Chama. ‘Lá, médicos e enfermeiros foram todos ótimos para mim”, afirma. Dores na articulação, perda do paladar e da sensibilidade dos dedos, além da queda do cabelo e demais pelos de todo o corpo foram os sintomas colaterais do tratamento. “Depois que o cabelo caiu, eu não me olhava no espelho”, revela.

Aparecida ainda não fez a reconstrução da mama, apesar de já se considerar curada. Ela conta toda a história sem perder o humor e muito confiante de ter tomado a atitude correta: procurado ajuda médica. Atualmente, ela continua com a rotina de exames e idas ao médico, entretanto está trabalhando diariamente. “Tenho pensamento positivo e muita fé”, confessa.

Outubro Rosa

Para a diretora do Núcleo de Prevenção e Diagnóstico do Câncer (NPDC), em Arapiraca, a médica Ana Paula Fernandes Barbosa, a campanha Outubro Rosa é uma iniciativa importante para esclarecer e chamar a atenção da população para o câncer de mama. “Sou muito a favor destas campanhas”, ressalta.

A médica explica que toda mulher deve fazer o autoexame e procurar ajuda caso encontre qualquer nódulo na mama, deformação ou alteração no contorno natural da mama, retração ou desvio do bico do peito, saliências ou retrações da pele da mama, descamação ao redor do bico do peito ou da aréola, Presença de secreção ou sangue ao apertar o bico do peito, nódulo ou caroço duro nas axilas. Quando diagnosticado precocemente, o sucesso do tratamento é superior a 90%.

Câncer de mama em números

Segundo Ana Paula Barbosa, a cada semana um novo caso de câncer de mama é diagnosticado pelo NPDC. O Núcleo é responsável pelo atendimento de pacientes de Arapiraca e cidades circunvizinhas.

Já de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, há atualmente 144 mulheres em tratamento de câncer de mama, nas unidades de câncer dos hospitais Afra Barbosa e Chama.

O Instituto Nacional do Câncer alerta que a previsão é de que 57.120 novos casos de câncer de mama ocorram no Brasil este ano.