Arapiraca

Sem carrocinha e material, CCZ não realiza trabalho em Arapiraca

Por Clau Soares, especial para o 7Segundos 18/01/2015 07h07
Sem carrocinha e material, CCZ não realiza trabalho em Arapiraca
- Foto: Clau Soares

O silêncio e a calmaria contrastam com o ramo de trabalho. Nas baias, nada de cães, gatos ou cavalos. Tudo é tranquilidade. Em um canto, funcionários aproveitam a brisa do pátio para colocar a conversa em dia. Ali, pertinho deles, um cachorro com aspecto de abandonado tira uma soneca. Um gato magro cruza o espaço. Este foi o cenário encontrado pela reportagem do Portal 7Segundos no Centro de Controle de Zoonoses, em Arapiraca, na quinta-feira, dia 8 de janeiro.

Lá, conversamos com alguns funcionários que informaram que os trabalhos estão em ritmo lento devido à falta de veículo para capturar os animais. A carrocinha, usada há 14 anos, está mais uma vez na oficina. "Vive mais na oficina do que nas ruas", disse um deles que não quis se identificar. Enquanto isso, nas ruas da cidade, centenas de animais saudáveis, doentes e atropelados chamam a atenção da população.

O diretor do CCZ explica que o órgão só recolhe animais doentes ou atropelados. É ainda competência do Centro oferecer vacina anti-rábica e fazer castração. As vacinas estão sendo fornecidas, mas as castrações não são feitas, segundo o gestor, porque falta material. O CCZ tem hoje dois veterinários à disposição, entretanto, a mão de obra está, obviamente, subutilizada.

Enquanto isso, um grupo de jovens da cidade busca apoio da iniciativa privada para ajudar no resgate de cães, gatos e até cavalos abandonados nas vias da cidade. O trabalho é árduo, caro e ainda compromete o emocional das participantes. Os pedidos de ajuda financeira são quase diários. Na página do grupo Protetoras Arapiraca, no Facebook, são inúmeros os apelos de doações de dinheiro, material de limpeza, remédios veterinários e ração. Sobra boa vontade, mas falta todo o resto. 

 

Uma das integrantes, a estudante Mariana Oliveira, avalia a realidade da proteção animal, em Arapiraca. "Antes mesmo de iniciarmos esse acompanhamento direto com os animais de ruas já era notória a situação de calamidade no município. Em todas as ruas, todos os bairros, são vistos muitos animais abandonados, passando fome, sede e sem nenhum cuidado", disse.

O diretor do CCZ afirmou ainda que a grande quantidade de animais nas ruas está associada ao abandono dos antigos donos. Segundo ele, os proprietários colocam os pets para passear, soltam e estes acabam se juntando à massa de bichos abandonados. Ele frisou que a obrigação de recolher é do dono do animal e não do poder público.

Para os voluntários do grupo Protetoras Arapiraca é necessário realizar uma ação urgente para, ao menos, minimizar a situação. A cada dia crescem as denúncias de animais nas ruas, mas sem recursos financeiros pouco pode ser feito. "Falta lar temporário, faltam doações suficientes para que possamos bancar o tratamento e alimentação dos animais resgatados. As pessoas se comovem muito, mas poucas doam e ajudam, infelizmente", relata Mariana Oliveira.

Quem circula por Arapiraca, não raro, se depara com cães pelas ruas. O veterinário Kellmany Lopes explica que tantos cachorros soltos são um perigo para a saúde pública. "O maior risco está no potencial de transmissão de zoonoses, pois estes cães jogados na rua, solitários ou em matilha, têm mais chances de contrair doenças transmissíveis a outros cachorros e também a seres humanos", disse.

A Prefeitura Municipal de Arapiraca também foi consultada acerca das condições de funcionamento do Centro de Controle de Zoonoses. Por meio da assessoria de comunicação, foi informado que, de fato, a carrocinha está em manutenção, mas o material para castração está sendo providenciado. Além disso, será realizada uma reunião na terça-feira (20), no Centro Administrativo, às 14 horas, com o CCZ e grupos de apoio aos animais, para traçar planos e trocar ideias acerca do problema.