De 7 a 20 de dezembro, o Ciclo de Ativismo LGBT de Maceió entra em sua 15ª edição com exposição fotográfica que mostrará o cotidiano do primeiro casal gay alagoano, e o segundo no Brasil, a adotar uma criança. O 15º Ciclo de Ativismo LGBT de Maceió traz para a discussão a família. O evento, além da Parada do Orgulho Gay, será marcado por acontecimentos inéditos, como a primeira oficialização coletiva da união civil de casais homoafetivos.

Em estreia no ativismo, o casamento coletivo abrirá a edição 15 do Ciclo às 16 horas do dia 7 de dezembro, no Jardim do Teatro Deodoro, localizado na Praça Marechal Deodoro da Fonseca, Centro de Maceió. Espera-se que entre 30 e 50 casais, dentre gays, lésbicas, travestis, e transexuais, se casem perante a lei. A ação é uma parceria da comissão organizadora do Ciclo e o Tribunal de Justiça (TJ/AL).

Para Givanildo Lima, um dos organizadores do evento, "o casamento coletivo é uma resposta à bancada fundamentalista, que tenta a todo custo desestruturar a luta do movimento LGBT, por direitos em prol da causa. Não lutamos pela simbologia da cerimônia, mas sim, pelos direitos que ela nos contempla", afirma o organizador. O matrimonial receberá 200 convidados, que incluem Imprensa e autoridades locais.

Exposição Fotográfica #MaisAmor !

Convidada pela organização do Ciclo de Ativismo a ser autora da exposição fotográfica, Brunna de Matteo, fotógrafa alagoana com experiência em registro de famílias, realiza pela primeira vez a captação de imagens de uma família homoafetiva. Os protagonistas do ensaio são Ivan Manuel da Silva, 42, Andrew de Araújo Rodrigues, 32, e Felipe Manuel de Araújo, 4 anos, filho do casal.

As 17 fotos escolhidas expõem o cotidiano da família, desde os momentos de lazer até as atividades realizadas em casa, como o ato de escovar os dentes e alimentar-se. As imagens estarão acompanhadas de uma poesia também de autoria da fotógrafa e serão expostas entre os dias 7 e 17 de dezembro no hall principal do Teatro Deodoro.

Segundo Bruna de Matteo, as artes têm o objetivo de atingir o público da maneira mais natural possível. "A intenção, quando eu fotografei, foi mostrar uma família da forma como ela é, normal como qualquer outra. Eles não precisaram pintar o rosto com a cor do arco-íris, porque eu quis mostrar a família deles como eles são, e como eu mostro as famílias heterossexuais. As fotos são poéticas, falam da esperança de um mundo melhor, que quando aquela criança [filho do casal] crescer, não vai ter ou sofrer preconceito, ela vai poder sentar e ver o por do sol com quem ela quiser ver", afirma a autora.

Ivan e Andrew andam na mesma sintonia. Para eles, participar do evento é de extrema importância para mostrar a essência de uma família homoafetiva e estimular outros casais a realizar o sonho de adotar uma criança.

“Como a gente se tornou um exemplo para outros casais, aceitamos a honra de fazer parte do evento para mostrar às pessoas que o amor que existe dentro da nossa família é igual ao amor que existe em qualquer outra”, comenta Andrew.

“A exposição foi uma coisa maravilhosa para a gente e acredito que será para o estado. Por ser a primeira exposição de família homoafetiva do estado, e a primeira a mostrar o cotidiano de vida de uma família homo no país, acho que vai abrir a cabeça das pessoas para que venham a entender e aceitar. A exposição vem para mostrar a família, como a nossa, de uma forma diferente do que pensam. Que somos uma família normal, com amor e paixão pela vida e pelo próximo”, acrescenta Ivan.

Nos os dias 18, 19 e 20 do mesmo mês a exposição passará para a Praça Multieventos, localizada no bairro de Pajuçara, onde fará parte da 2ª edição do Festival de Arte e Cultura LGBT de Maceió. Segundo Nildo Correia, presidente do Grupo Gay de Alagoas e coordenador do evento, as atividades culturais serão integradas através de música, dança, exposição, recital de poemas, poesias, entre outros", que poderão ser vistos ao longo dos três dias de festival.

Parada Gay
A Parada do Orgulho LGBT de Maceió está na sua 15ª edição e acontecerá na Orla de Pajuçara, no dia 20 de dezembro, quando fecha o Ciclo de Ativismo LGBT. A Parada é considerada hoje o segundo maior movimento aberto de massa do Estado de Alagoas - perde somente para as prévias carnavalescas de Maceió – e, segundo Givanildo, “sem sobra de dúvida, o maior ato público e politico de nosso estado”.

Lafon Pires, presidente do Grupo Gay do Tabuleiro explica que o tema da parada deste ano foi escolhido com o objetivo de afirmar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2011, ao reconhecer casais homoafetivos como entidade familiar, além de mobilizar a sociedade para a aprovação das propostas de lei do Estatuto das Famílias de autoria do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).

Outro objetivo, segundo Pires, foi também afirmar o projeto de autoria do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) que reconhece como família qualquer forma digna e amorosa de união familiar, independentemente de critérios de gênero, orientação sexual, consanguinidade, religiosidade ou raça. .

Ano passado e 2013, a parada trouxe para discussão o “Empoderamento das travestis e transexuais”, com foco na empregabilidade e dignidade humana.