Eduardo Cunha é notificado sobre votação da cassação pelo Diário Oficial
Sem conseguir encontrar o ex-presidente da Câmara, deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para notificá-lo sobre a sessão convocada para votar o processo de cassação de seu mandato, na próxima segunda-feira (12), a Secretaria-Geral da Casa publicou no Diário Oficial da União o documento. A publicação, exigida no processo, é assinado pelo sucessor do peemedebista, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
De acordo com a Secretaria-Geral, foram feitas três tentativas no gabinete e no apartamento funcional ocupado pelo parlamentar em Brasília, mas ele não foi localizado. Assessores tentaram ainda fazer a entrega do documento no Rio de Janeiro, onde Cunha tem residência declarada, mas não conseguiram. A notificação também foi enviada pelo correio, com aviso de recebimento. Mesmo com a publicação do documento, Cunha receberá nesta quinta-feira (8) uma notificação que será entregue pessoalmente, em Brasília.
Adversários do deputado afastado consideram a dificuldade para localizar Cunha e entregar a notificação como mais uma manobra para protelar o processo e tentar esvaziar, ou adiar, a votação do parecer do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar no plenário da Câmara.
Cunha é acusado de mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ao afirmar que não tinha contas no exterior. De acordo com o parecer aprovado no colegiado, as contas receberam recursos oriundos de pagamento de propina, envolvendo o esquema investigado na operação Lava Jato. Em sua defesa, Cunha disse que não tem contas no exterior, sendo apenas usufrutuário de um truste, e não titular do dinheiro depositado no exterior. Em razão das investigações, Cunha já é réu em outros processos no Supremo Tribunal Federal (STF).
Cunha envia mensagem
Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que ao menos 237 parlamentares votarão a favor da cassação de Eduardo Cunha. Para que o ex-presidente da Câmara perca o mandato, são necessários 257 votos. O peemedebista será julgado por seus pares na segunda-feira, 12, em votação aberta. O jornal ouviu 332 parlamentares até as 23h30 de quarta-feira, sendo que apenas dois declararam abertamente que votarão contra a cassação do deputado e 26 se disseram indecisos.
Entre os deputados que disseram que votarão, 66 não quiseram revelar o voto. Dos 180 deputados não encontrados, a maioria pertence a PMDB, PP, PSD e PR, partidos que tradicionalmente apoiavam Cunha. O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), disse na quarta-feira que a bancada petista votará em peso pela cassação. “Vamos todos estar presentes e votar pela cassação, com certeza absoluta. A não ser que alguém morra ou algo assim.”
O peemedebista enviou mensagem aos colegas na quarta-feira. “Muito obrigado pela ajuda que me deu e me permitiu que chegasse à presidência desta Casa. Neste momento, preciso muito de você, mais do que nunca, e estou enviando as razões da minha defesa para que possa avaliá-las e me julgar com isenção. Não permita que uma injustiça destrua a minha vida política e a minha família. Conto com você na principal decisão da minha vida”, afirmou Eduardo Cunha.