Analfabetos eram usados em esquema de corrupção em Canapi
Em reportagem especial apresentada nesse domingo (16), no ‘Fantástico’, foi colocado à tona um esquema fraudulento de lavagem de dinheiro advindo da corrupção. A cidade de Canapi, em Alagoas é palco para as atividades ilícitas de políticos e empresários corruptos.
O município é um dos mais pobres do país... É possível ver o sofrimento dos moradores com a falta de água o que dificulta ainda mais a sobrevivência. Mesmo assim, segundo denúncias do Ministério Público de Alagoas (MP-AL), o ex-prefeito de Canapi, Celso Luiz Tenório Brandão, (PMDB) é o grande responsável por desviar mais de 27 milhões de reais no período de 2012 até 2016.
O esquema montado pelo ex-gestor, afastado do cargo em 2016, teria sido pautado na boa fé e confiança da população. Esses não faziam ideia que estavam sendo usados como ‘laranjas’, e assim, mascarar o roubo ao erário público.
O repórter secreto, Eduardo Faustine, foi até a cidade de Canapi que possui apenas 18 mil habitantes, para apresentar os rostos dos laranjas utilizados no esquema.
“Desviou-se aproximadamente R$ 10 milhões, para supostamente o abastecimento de uma cidade que hoje passa por uma das maiores secas que o nordeste já atravessou”, explica o promotor de Justiça de Alagoas, José Carlos Castro.
A Polícia Federal e o MP, afirmam que foram encontradas irregularidades na aquisição da merenda escolar, na aquisição de fraudas descartáveis, no transporte escolar e no gerenciamento de carros pipa.
Da atual população de Canapi, cerca de 70% depende unicamente do Programa Social Bolsa Família, alvos fáceis para o esquema de corrupção. Dessa forma, os laranjas eram utilizados para a quadrilha abrir empresa de fachada e passar notas fiscais por serviços não prestados.
O ex- secretário de Assuntos Estratégicos de Canapi, Jorge Valença, era um dos responsáveis pelo esquema e foi encontrado pela reportagem dentro de um mercadinho. Estabelecimento, este, que está registrado no nome do servente pedreiro, conhecido apenas como José.
A documentação da Prefeitura apresenta que o servente teria recebido R$ 806 mil em dinheiro. “Pegaram eu besta. Se eu soubesse ler não tinha feito”, afirma José.
Já o vigilante Cícero teria recebido em fevereiro de 2016 o montante de R$ 533 mil no nome dele. “Graças a Deus eu não vi nem a cor desse dinheiro”. O nome de Cícero foi utilizado em um suposto aluguel de um trator de esteira, no valor de R$ 384 mil.