Revitalização do rio São Francisco nunca saiu do papel, diz membro do CBHSF
Estados beneficiados com o projeto precisam apoiar salvação do rio
Como a transposição do rio São Francisco não tem mais volta, os estados beneficiados com a mudança de curso das águas (Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte) deveriam entrar na briga pela revitalização do 'Velho Chico'.
A avaliação é de Honey Gama, coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) da região do Baixo São Francisco, membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco que representou o órgão durante a 6ª reunião ordinária do Conselho Gestor do Projeto de Integração do Rio São Francisco (CGPISF).
“O Comitê nunca foi a favor (da transposição). Foi uma decisão política para beneficiar Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Já que ocorreu, que haja uma gestão sustentável, compartilhada, participativa e que haja uso racional da água. Esperamos que os estados se somem à briga pela revitalização. O Governo Federal já vem criando, através do Ministério da Integração Nacional (MI), o Programa Novo Chico justamente para revitalizar. Mas, com toda essa crise política, institucional e financeira, o projeto não saiu do papel”, disse Honey durante o encontro realizado em Brasília na última quarta-feira, 13 de setembro.
Para ele, as reuniões do CGPISF focam mais no tema transposição e pouco em revitalização.
“Inclusive, o Comitê aprovou um plano de ações prevendo investimentos na Bacia e forma de revitalização. O Governo Federal teria de ter uma maior sensibilidade para implementar o Plano de Revitalização da Bacia. Seriam recursos do Governo e gestão participativa dos estados”, complementa.
Dentre os presentes no Conselho, estavam representantes do MI, da Casa Civil do Governo Federal, do Meio Ambiente, da Agência Nacional de Águas (ANA), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), além de secretários de estado de Recursos Hídricos e de Meio Ambiente do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, o próprio CBHSF, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), entre outros.
Aos membros do CGPISF, Honey relatou a situação atual da bacia do Rio São Francisco. “Antes tínhamos uma vazão de 1,3 mil m³/s (metros cúbicos por segundo) e hoje a vazão está em 550 m³/s. Eu não gostaria de estar vivenciando uma situação hídrica tão grave, mas a gente tem de esperar e buscar alternativas para minorar os danos. Então, pessoal, o Comitê espera uma gestão das águas compartilhadas, racional e que realmente haja esse investimento na revitalização do rio”, reforçou.