Líder supremo do Irã diz que inimigos provocaram instabilidade no país
Pelo menos 21 pessoas morreram e 400 foram detidas desde o início dos protestos, na semana passada
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, acusou nesta terça-feira (2) inimigos da República Islâmica de provocarem instabilidade no país, à medida que continuam os protestos antigoverno iniciados na semana passada.
"Nos últimos dias, inimigos do Irã usaram diferentes ferramentas, incluindo dinheiro, armas, política e aparatos de inteligência para criar problemas para República Islâmica", disse o aiatolá, segundo publicação em seu site.
Khamenei disse que irá se pronunciar sobre os eventos recentes "quando o tempo for certo".
Também nesta terça, a TV estatal do país disse que nove pessoas foram mortas na província de Isfahan durante protestos. Com isso, o número total de mortos na onda de protestos chega a 21, de acordo com a imprensa iraniana, citada pela agência Reuters.
Mais de 400 pessoas foram detidas até agora, na capital e em outras cidades. Embora o número de manifestantes tenha se limitado a algumas centenas de pessoas nos primeiros dias, esta foi a primeira vez - desde 2009 - que tantas cidades foram palco de protestos de cunho social.
"Duzentas pessoas foram presas no sábado, 150 pessoas no domingo e cerca de 100 pessoas na segunda-feira", informou Ali Asghar Naserbakht, vice-governador da província de Teerã, segundo a agência de notícias semioficial Ilna nesta terça.
A agência de notícias Mehr também citou uma autoridade do Judiciário segundo a qual vários líderes de protestos em Karaj, a quarta maior cidade do Irã, foram presos.
Vídeos publicados em redes sociais na segunda-feira mostraram um confronto intenso entre forças de segurança e manifestantes que tentavam ocupar uma delegacia de polícia, que foi parcialmente incendiada, na cidade central de Qahderijan.
Surgiram relatos não confirmados de várias vítimas entre os manifestantes. O governo disse estar restringindo temporariamente o acesso ao aplicativo de mensagens Telegram e ao Instagram. Também houve relatos de que o acesso à internet móvel foi bloqueado em algumas áreas.
Início
Em 28 de dezembro, centenas de pessoas se manifestaram na segunda maior cidade do país, Mashhad (nordeste), contra a alta dos preços, contra o desemprego e contra o governo do presidente Hassan Rouhani.
Segundo imagens de vídeo difundidas pela mídia reformista Nazar, os manifestantes gritavam "Morte a Rohani!" e criticaram os compromissos do governo no âmbito regional antes mesmo que no âmbito doméstico.