Educação

“Uma fala ‘mal dita’ e descontextualizada”, diz reitor da UNEAL sobre áudio

Movimento estudantil da Universidade se pronunciou associando Jairo Campos a um monstro

Por 7Segundos 15/03/2018 08h08
“Uma fala ‘mal dita’ e descontextualizada”, diz reitor da UNEAL sobre áudio
Reitor da Uneal Jairo Campos - Foto: Divulgação

O reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Jairo Campos, emitiu nota de esclarecimento a respeito de seu áudio vazado, onde o gestor fala sobre o processo eleitoral na Universidade e se refere pejorativamente a mulheres da instituição.

Confira a resposta na íntegra:

 

NOTA DE ESCLARECIMENTOS À COMUNIDADE ACADÊMICA

Caríssimos, caríssimas...

Os últimos sete anos e meio à frente desta universidade não têm sido fáceis, sobretudo quando, independentemente de nossas ações, não temos da parte de algumas pessoas o reconhecimento que deveríamos ter pelo esforço e dedicação hercúleos. Ao contrário, o grupo a quem me referi em áudio (em grupo privado e sorrateiramente vazado com palavras de baixo calão e a quem peço desculpas de pronto, pois nem mesmo eles merecem tais xingamentos) não faz outra coisa se não me perseguir, minimizar a nossa importância histórica para esta universidade e construir um discurso absolutamente oposto ao que sou.

Reafirmo, entretanto, que nada justifica o uso das palavras que usei, que desculpas somente não bastam e que por isso tenho dedicado a minha vida à construção de uma sociedade melhor e mais inclusiva. Quem me conhece sabe da minha luta em defesa dos movimentos sociais, da minha dedicação às causas femininas, LGBTs e de gênero, além de tantos outros grupos sociais. Uma fala “mal dita” e descontextualizada do ambiente na qual fora produzida pode repercutir, negativamente, em função do uso dado por quem está do outro lado. Nesse sentido, reafirmamos que a intenção nunca fora de ofender, absolutamente, ninguém. Estava num ambiente privado, cujo controle de emoções é, quase sempre, suplantado pela confiança nos pares. Neste ambiente, o sentimento de raiva é transferido para palavras cuja conotação fora dali pode significar algo completamente diferente. Não foi e nunca será essa a nossa intenção.

Expressões do privado não são usadas, necessariamente, no público, sobretudo por pessoas públicas como um Reitor. Mas, com o vazamento, intencional ou não, isso pode sim ser usado, maquiavelicamente, por pequenos grupos a quem chamei de “velhos” e que esclarecerei quem são em momento oportuno e que não aceitam o meu apoio aberto à candidatura de Odilon e Anderson que concorrerão à reitoria e que representam o nosso projeto de universidade.

Reafirmo, por fim, a minha formação, militância, e modo de vida junto às mulheres e grupos sociais socialmente vulneráveis em Alagoas. Aqueles que têm a vivência do universo gay sabe, por exemplo, que o uso do feminino, neste universo, soa quase sempre, como uma gíria. Assim, a expressão “vagabunda” não se refere, necessariamente a mulheres, mas a todos aqueles por mim denominados de velhos e cuja a vida é dedicada ao não fazer nada, daí o sentido de vagabundear, pela Uneal. De toda forma, nada justifica o uso dessas expressões que no dia a dia foram pejorativadas ficando, aqui, meus sinceros pedidos de desculpas a todos/as que se sentiram ofendidos/as. 

Prof. Jairo José Campos da Costa

 

O conteúdo da fala vazada potencializou ainda mais os conflitos já existentes dentro da Uneal. O Movimento Estudantil do Campus I se manifestou após o ocorrido, com charges e texto relacionando Jairo a um mostro. Confira trecho:

“Como a atual gestão da Uneal consegue ser tão apática, contraditória, inócua, inerte e, sobretudo, morta para estas questões? Estamos satisfeitos com as práticas desta gestão totalmente aparelhada ao governo estadual? Estamos satisfeitos com esse Ortros, que nada mais é que um cãozinho do excelentíssimo governador?  Claramente a resposta só será positiva se você estiver delirando, pois pior que isso, só acreditar no pote de ouro no final do arco íris. Os estudantes estão cansados, já estamos no limite do diálogo e da espera por dias melhores para nossa universidade, que não chegam. Estamos cansados de sermos desrespeitados!”.

Para conferir o texto do Movimento Estudantil na íntegra, clique aqui.