Marielle Franco: a vereadora que comoveu o país e o dividiu ao meio
Que os casos diários de assassinatos no Brasil são inúmeros não é, infelizmente, nenhuma novidade. Outra informação que não é recente é que, no estado do Rio de Janeiro, foi instituída a intervenção federal, em fevereiro, após o acentuado aumento da violência na região. A partir daí, as forças do exército adentraram o Estado, e um militar hoje controla toda a segurança pública reportando-se diretamente ao presidente Michel Temer.
Porém, nesta última semana, um caso excepcional de homicídio chocou todo o país: a vereadora pela cidade do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL), foi brutalmente assassinada, com nove tiros disparados em sua direção quando saía de um evento com mulheres negras. Anderson Pedro, seu motorista, também faleceu no momento do ataque.
Marielle Franco foi socióloga, feminista e militante dos direitos humanos. Elegeu-se vereadora do Rio de Janeiro na eleição municipal de 2016, com a quinta maior votação, cerca de 46 mil votos. Foi crítica ferrenha da intervenção federal no Rio de Janeiro e da Polícia Militar, denunciando constantemente abusos de autoridade por parte de policiais contra moradores de comunidades carentes. Sua execução aconteceu na noite do dia 14 de fevereiro de 2018, não existindo, ainda, suspeitos reais do crime.
O que, talvez, não se esperasse, é que a morte de uma vereadora, até então desconhecida para a maioria do Brasil, causasse tanta comoção, ao ponto de levar milhares de pessoas às ruas em protesto pela sua morte. Para discutir sobre esta questão, a reportagem do 7Segundos conversou com o sociólogo Guto Silva, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a fim de entender como em questão de horas uma política tomou o coração de tantos brasileiros.
Guto explica que o que despertou a revolta popular foi a identificação com o perfil e os ideais defendidos por Marielle:
“Podemos compreender essa identificação do povo brasileiro pela Marielle a partir de dois pontos. Primeiramente, penso que a identificação do povo com o caso é porque, ao fim e ao cabo, a Marielle é uma metáfora da sociedade brasileira, e da sociedade carioca, de forma específica. A violência contra certas identidades sociais são claras em nossa sociedade. Negros, jovens, mulheres, trans, pessoas que são pertencentes das classes baixas, etc., são dizimadas todos os dias. No fundo, a Marielle é o João, o Luiz, a Cláudia, o Aderbal, o José, a Neusa... Ela é o povo brasileiro, que sofre na pele diariamente a exclusão, o descaso, o abandono, a violência, o extermínio.
Em segundo lugar, é necessário falar que infelizmente o povo brasileiro não tem muitos referenciais de políticos comprometidos na resolução de problemas sociais. Penso que a Marielle (que de forma legítima foi constituída como vereadora através das urnas) representava a vontade do povo em ter novos representantes, pessoas que têm empatia com as dores do povo. Assim, o caixão que sepultou a vereadora sepultou também, mesmo que momentaneamente, a esperança do povo em dias melhores”.
Após muita repercussão em luto pela morte da vereadora, outros movimentos surgiram para contrariar a fala mais refundida: alguns, passaram a acusar Marielle de sua própria morte, pois era defensora dos Direitos Humanos e lutava pelos direitos, também, dos “bandidos”; outros, criticaram a postura dos que enalteceram a vereadora, chamando as manifestações de “comoção seletiva”. Este último termo ficou entre os primeiros lugares no Twitter nas horas seguintes do homicídio.
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