Justiça

Família processa hospital por morte de criança, em Santana do Ipanema

Por 7Segundos 09/04/2018 13h01
Família processa hospital por morte de criança, em Santana do Ipanema
Luana Viana, menina que morreu no transporte de Santana a Maceió - Foto: Reprodução / Canal1

A família da menina Luana, de 6 anos, que morreu na ambulância que a levava de Santana do Ipanema a Maceió, no dia 10 de março, está acionando a justiça contra o Hospital Clodolfo Rodrigues de Melo e profissionais envolvidos no caso. Na ocasião, dentre as acusações feitas, a criança foi diagnosticada com infecção urinária, quando na causa da morte, declarada na Certidão de Óbito, Luana morreu de apendicite aguda rota.

Luana deu entrada no dia 04/03, no Hospital Regional Clodolfo Rodrigues, em Santana do Ipanema, com reclamação de fortes dores abdominais. O médico plantonista solicitou os exames de raio X, de urina e de sangue, além de dar medicação contra a dor via soro. A paciente foi dispensada, com o diagnóstico de infecção urinária.

No dia 09/03, cinco dias após o primeiro atendimento, Luana voltou ao hospital, desta vez, além das fortes dores, vomitando sangue. A pediatra solicitou os mesmos exames que haviam sido feitos no dia 04/03: raio X, urina e sangue. Foi então pedido ao cirurgião-geral de plantão que a menina precisava de uma cirurgia com urgência, mas este alegou que não podia operá-la na unidade e que a menor devia ser levada ao Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. No transporte para a capital, em uma ambulância sem os equipamentos necessários, Luana veio a óbito. O prontuário não informou qual a cirurgia que o plantonista alegou ser necessária para a paciente.

O advogado responsável pelo caso, Rafael Ferreira, conversou com o portal 7Segundos e confirmou que foi feito Boletim de Ocorrência na Delegacia Regional de Santana do Ipanema, sob acusação de erro médico:

“A gente constatou que existiam alguns tipos de irregularidades, tanto no transporte da criança, como na situação da cirurgia, em que a médica plantonista, no dia do fato, chamou o cirurgião-geral informando que a paciente necessitaria de uma cirurgia com urgência, e o próprio cirurgião se negou a fazer alegando que não tinha UTI pediátrica disponível, que se ela fizesse uma cirurgia lá, ela não ia conseguir ser transferida para nenhum hospital, o que é uma informação totalmente equivocada.

No dia 04/03, ela fez os mesmos exames do dia 09/03, que foram exame de urina, exame de sangue e raio X. Nenhum ultrassom foi solicitado para verem a situação dos órgãos internos da menor. Outra informação importante é que no prontuário médico do dia 04/03, eles informam que não houve atendimento, que houve uma evasão, ou seja, o paciente foi lá, fez a sua listagem, mas ele saiu do local antes do seu atendimento. O que não é verdade. Nós temos provas, que é justamente a listagem dos medicamentos passados pelo médico no próprio dia 4, que faz referência ao mesmo número de prontuário que diz que eles se evadiram. Então, é outra situação que o delegado deve apurar também na seara criminal. Ela passou seis horas dentro do hospital, tomou medicação através do soro”.

Rafael explicou quais os procedimentos judiciais a correr de agora para frente: “O delegado já começou a intimar os médicos, as pessoas responsáveis para prestar os esclarecimentos necessários, e aí ele vai apurar a questão criminal. Na esfera cível, nós já temos elementos suficientes para ingressar com a ação, com a reparação dos danos pelos transtornos causados e ainda pelo falecimento da menor. Isso aí é independente da esfera criminal”.

 

A Secretaria Municipal de Saúde de Santana do Ipanema ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. A direção do Hospital emitiu nota na época dos fatos:

NOTA DE ESCLARECIMENTO AOS FAMILIARES, À SOCIEDADE E À IMPRENSA

Em atenção aos familiares, à sociedade e à imprensa, em virtude de notícias veiculadas nesta segunda-feira (12), o Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo (HRCRM) vem esclarecer que:

1. O HRCRM vem se solidarizar com os familiares e amigos da paciente LVC; 2. As Direções (Geral, Administrativa/Financeira e Médica), a Comissão de Verificação de Óbito e a Comissão de Verificação de Ética Médica já estão apurando os fatos; 3. Todos os envolvidos estão sendo ouvidos; 4. Havendo alguma falha técnica relativa às condutas implantadas por parte da equipe desta unidade, sem dúvidas serão adotadas todas as medidas e providências cabíveis necessárias.

Gostaríamos de enfatizar que a direção do HRCRM encontra-se a disposição dos familiares para qualquer esclarecimento e mais uma vez, deixamos nossos sentimentos a todos da família e com o compromisso de que estaremos sempre buscando a melhor assistência, atendimento ético e humanizado a todos os usuários que procuram o hospital.

A Direção.