Treinador nega denúncias de assédio sexual
O ex-técnico da seleção brasileira de ginástica olímpica Fernando de Carvalho Lopes negou nesta quarta-feira (16) na CPI dos Maus Tratos que tenha cometido assédio sexual contra atletas menores de idade. Ele disse que as acusações foram motivadas por vingança de ex-alunos e disputa política entre treinadores concorrentes.
— Nunca fui um técnico manso. Pelo contrário, extremamente rígido. As crianças treinavam muitas vezes chorando. Criei muitos inimigos: cortei bolsa de estudo de atletas quando deixavam de render, cortei salários, demiti auxiliares técnicos, prejudicando pessoas que não seguiam minhas linhas de trabalho. Nesse caminho, acabei criando muitas desavenças. Isso é uma coisa. Mas assédio sexual, não.
Fernando Lopes afirma ser vítima de “uma armação”. Segundo ele, as primeiras denúncias de assédio sexual surgiram há dois anos, às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
— Havia cinco treinadores para três vagas. Alguém precisava cair, alguém precisava estar fora. Cada treinador tinha um ginasta com chance de medalha olímpica, com chance de trazer o resultado que você investe sua carreira inteira. Derrubei muito técnico. Em busca do melhor status, do melhor grupo, a gente acabava se indispondo com muito técnico.
Sem identificar os atletas, o presidente da CPI dos Maus Tratos, senador Magno Malta (PR-ES), apresentou ao ex-técnico nomes de menores de idade que apresentaram denúncias de assédio sexual. Fernando Lopes disse conhecer os ginastas, mas negou todas as acusações. O treinador negou, por exemplo, que tenha dormido na mesma cama ou tomado banho na mesma banheira com alunos.
Magno Malta perguntou se o ex-técnico trocou emails com atletas contendo “conversas que possam comprometer”. Fernando Lopes negou e, a pedido do presidente da CPI, autorizou a quebra do sigilo telemático dos últimos cinco anos. A comissão aprovou ainda a quebra dos sigilos fiscal e telefônico do treinador.
Fernando Lopes também negou ter desviado dinheiro de ginastas. Mas afirmou que a supervisora do Clube Asa São Bernardo do Campo, Ivonete Fagundes, determinou em algumas ocasiões que parte dos salários dos atletas fosse usada para o pagamento de competições. A CPI aprovou um requerimento de convocação para ouvi-la.
O senador Magno Malta anunciou durante a reunião que a CPI vai ouvir dois atletas maiores de idade que apresentaram denúncias contra o treinador. Fernando Lopes deve voltar a ser convocado pelo colegiado após esses depoimentos.