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Coração de Eloá bate no peito de mulher do Pará

Desde outubro de 2008, Maria Augusta e outras quatro pessoas carregam órgãos de Eloá Pimentel

Por G1 14/10/2018 08h08
Coração de Eloá bate no peito de mulher do Pará
"Amanheci com o presente novo, com o coração novo", declarou Maria Augusta, que tinha um grave problema cardíaco e recebeu o coração de Eloá - Foto: Reprodução

O coração de Eloá Cristina da Silva Pimentel, adolescente morta a tiros pelo ex-namorado em outubro de 2008 durante emblemático sequestro em Santo André, ABC, bate há dez anos no peito de uma simpática vendedora de roupas em Canaã dos Carajás, interior do Pará.

Maria Augusta da Silva dos Anjos, de 48 anos, tinha um grave problema cardíaco: o ventrículo direito dela funcionava, mas o esquerdo não bombeava sangue corretamente e, por isso, precisava de um transplante. A comerciante recebeu o coração de Eloá, doado pela família da jovem de 15 anos, no dia em que completou 39 anos.

“Agradeço à mãe de Eloá [a recepcionista Ana Cristina Pimentel da Silva] por ter permitido a doação dos órgãos da garota”, disse Augusta, por telefone ao G1. "Após o transplante, às 8h do dia 20 de outubro, data do meu aniversário... amanheci com o presente novo, com o coração novo".

Ana Cristina, mãe de Eloá, disse à época que não pensou duas vezes para decidir doar os órgãos da filha. “Não tive dúvida. Quando os médicos vieram falar comigo, eu já estava decidida”, comentou a recepcionista numa entrevista em 2009. A reportagem não conseguiu localizá-la nesta semana para falar do caso.

Pelo menos mais quatro pessoas também receberam outros órgãos de Eloá: pulmão, córnea, fígado, rim e pâncreas.

Eloá morreu após ser baleada por Lindemberg Alves Fernandes. Ela teve a morte cerebral anunciada pelos médicos em 18 de outubro de 2008. A vítima era uma alegre estudante e o assassino era um entregador de pizzas de 22 anos. Ele não aceitava o fim do namoro. De 13 a 17 de outubro de 2008, a imprensa transmitiu ao vivo o sequestro com seu desfecho trágico.

O sequestrador foi julgado em 2012. Acabou condenado a mais de 90 anos de prisão por 12 crimes. A pena foi reduzida depois pela Justiça para 39 anos. Atualmente ele está preso em Tremembé, interior paulista.

Além do coração, outros cinco órgãos de Eloá foram transplantados. Uma das córneas da adolescente foi doada para a recepcionista Livia Amodio Novais; o mecânico Emerson Gentil Dardes recebeu pâncreas e rim da garota. O pulmão foi para uma jovem de 18 anos e o fígado, para uma menina de 12 anos com um tipo grave de hepatite.