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Falas de Mourão sobre Israel e aborto incomodam políticos e líderes evangélicos

Fala sobre transferência da embaixada do Brasil em Israel repercutiu negativamente

Por Agência Brasil 11/02/2019 07h07
Falas de Mourão sobre Israel e aborto incomodam políticos e líderes evangélicos
Falas de Mourão sobre Israel e aborto incomodam políticos e líderes evangélicos - Foto: Agência Brasil

Algumas falas do vice-presidente Hamilton Mourão estão gerando um desgaste na relação do Palácio do Planalto com lideranças evangélicas, segmento fundamental na eleição do presidente Jair Bolsonaro.

Nos últimos dias, deputados da bancada evangélica e líderes de igrejas manifestaram a insatisfação com o vice, em especial após ele se manifestar contra a mudança da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.

Eles esperam que o presidente desautorize publicamente o vice após voltar às suas atividades normais. Bolsonaro permanece internado no Albert Einsten, em São Paulo, recuperand0-se da cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal.

Enquanto estava como presidente em exercício, Mourão recebeu o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, e chegou a se manifestar contrário à mudança da embaixada. Também falou sobre o aborto ser “opção da mulher”. Nenhuma das duas declarações foi bem aceita pelos membros da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), que na atual Legislatura conta com 108 deputados e 10 senadores.

A pauta pró-vida e o apoio a Israel são bandeiras históricos da bancada.

"Vamos cobrar (do Bolsonaro) o cumprimento daquilo que foi tratado. Se o Mourão está a serviço de algum grupo de interesse contrário a que isso aconteça, tenho convicção que ele perdeu essa queda de braço. Mourão é um poeta calado. Sempre que abre a boca cria um problema para o governo”, disparou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM/RJ).

O parlamentar, que concorre à presidência da FPE, lembra que “Esse foi um compromisso de campanha do presidente da República com nosso seguimento. Nós não pedimos muitas coisas a ele, mas essa foi uma delas”.

O deputado federal Filipe Barros (PSL/PR), uma das principais lideranças evangélicas no partido do presidente, disse que “Quando o Bolsonaro se recuperar, vamos marcar uma audiência com ele. A ideia é levar uma carta deixando claro nossa insatisfação. Hoje, o Mourão é uma instituição e deveria guardar as opiniões para ela”. Ele já havia usado a tribuna da Câmara para manifestar-se contrário ao pronunciamento do vice sobre o aborto.

Já o pastor Silas Malafaia, líder da igreja Vitória em Cristo e presidente do Conselho dos Pastores do Brasil, também foi incisivo nas críticas ao vice. “Por que o Mourão, sabendo das bandeiras do Bolsonaro, não se manifestou antes da eleição? É uma coisa feia esconder suas convicções. Faltou protocolo e ética no exercício da função dele. Mourão está fazendo campanha para 2022, mas a ala conservadora não vota nele nunca”, avalia.

Ao que se sabe, no caso da embaixada, Mourão reproduziu o pensamento dos militares, que possuem grande força no governo Bolsonaro, especialmente quando faz críticas à política externa e sinaliza que a prioridade do governo deve ser a agenda econômica, e não a de costumes.