Filho de agricultores arrecada recursos para estudar música no exterior
Riclebio Souza ganhou bolsa de estudos para fazer mestrado e precisa viajar aos EUA no dia 14 de agosto
As mãos que seguravam a enxada para trabalhar na roça hoje tocam um instrumento mais delicado. Filho de agricultores da zona rural de Lagoa da Canoa, Riclebio Souza, 27 anos, atualmente toca violoncelo. Há cerca de um ano, o menino que cresceu cavando canteiros e espremendo mandioca para fazer farinha no povoado Pau D’Árco, ganhou uma bolsa de estudos para fazer mestrado em música nos Estados Unidos. Mas infelizmente está ameaçado a perder a bolsa porque ele não tem recursos para se manter em terras tão distantes.
Sem conseguir nenhum patrocínio, e na tentativa de arrecadar algum dinheiro, Riclebio Souza realizou no último domingo (04), um bingo beneficente com recursos próprios. Mas o músico ainda precisa arrecadar mais recursos para permanecer nos EUA durante dois anos para custear despesas de moradia, alimentação, seguro saúde e taxas que são necessárias pagar, mesmo para quem ganha a bolsa de estudos.
Ele também lançou uma vaquinha online (http://vaka.me/607998) para quem quiser e puder ajudá-lo. A viagem aos EUA está marcada para o dia 14 de agosto.
Em entrevista ao Portal 7Segundos, Riclebio Souza contou que o gosto pela música está no DNA da família. O pai e os tios tocam violão de forma amadora. Mas foi esse contato com os familiares que despertou o gosto musical nos primeiros anos de vida.
Ele disse que desde os 7 anos de idade tinha vontade de tocar teclado, mas as condições financeiras da família não permitiam comprar o instrumento. “Meu pai sempre me dizia que se eu fosse aprovado na escola, ele me daria um teclado. Mas isso nunca acontecia porque ele não podia comprar”, relatou.
Quando foi aprovado na 6ª série, o pai de Riclebio chegou em casa com um teclado para a alegria do menino, que desde a primeira séria, sonhava em tocar o instrumento. Mas o sonho rapidamente se transformou em frustação. O teclado ficou na casa dele apenas uma semana porque o pai não conseguiu pagar o instrumento e teve que devolvê-lo.
Riclébio contou que essa experiência causou um trauma e ele só veio despertar novamente para a música aos 14 anos. “Comecei a me interessar pelo violão. Trabalhava lavando massa de mandioca para juntar dinheiro e comprar o meu primeiro violão”, relembrou.
Daí por diante a música não saiu mais da sua vida. Ele se graduou em música com práticas interpretativas no violoncelo pela Universidade Federal da Paraíba e especializou-se em performance e música de câmara pela Universidade Nicholls State University, nos Estados Unidos.
Já tocou na Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba e Orquestra Sinfônica de João Pessoa, por dois anos, em cada uma delas. A experiência na Paraíba oportunizou o músico a outras experiências profissionais como lecionar durante o Festival Cordas Ágio, no Crato, no estado do Ceará, durante três edições. Além de dar aulas de violoncelo e realizar oficinas de música de câmara e violoncelo, Riclebio Souza também integrou a orquestra durante o festival.
Um dos momentos marcantes na vida do músico foi a oportunidade de tocar com o maestro João Carlos Martins durante a apresentação da orquestra Sinfônica Jovem do Recife, em Garanhuns.
Riclebio diz que ainda tem muitos sonhos para realizar e um deles é montar um projeto social em Lagoa da Canoa para ensinar música a crianças carentes do município.