Política

Estudo atualiza dados e indica possível colapso em Alagoas por volta do dia 15

Comportamento da população diante das medidas de isolamento esta semana vai ditar a taxa de ocupação de leitos de UTI no Estado

Por Assessoria 07/05/2020 08h08
Estudo atualiza dados e indica possível colapso em Alagoas por volta do dia 15
Mundo passa dos 3 milhões de casos de coronavírus, diz universidade - Foto: Divulgação

Novas medidas restritivas foram anunciadas pelo Governo de Alagoas para reduzir o contágio da covid-19. Mas, de acordo com dados atualizados de um estudo realizado com a participação de professores da Ufal, se, em média, 70% das pessoas não deixarem de circular nos próximos dias, iniciando idealmente até a próxima sexta-feira (8), o colapso no sistema de saúde pode estar perto.

“A data provável do colapso sem intensificação de isolamento é 15 de maio”, conclui a pesquisa executada pelos professores Askery Canabarro, da Ufal em Arapiraca, Sérgio Lira, do Instituto de Física da Ufal e outros colaboradores.

Os gráficos apontam que com a intensificação do isolamento iniciando nesta quinta (7) ou até sexta (8), os alagoanos que necessitarem de UTI ainda encontrarão vagas, caso sejam entregues os 145 leitos a mais previstos pelo Estado. Os professores explicam que se a intensificação for tardia, após o dia 8 de maio, os últimos 70 leitos disponíveis serão ocupados em poucos dias, levando Alagoas ao colapso hospitalar e acelerando a curva de mortalidade tanto por coronavírus, quanto por outras patologias que necessitem de cuidados intensivos.

“Os gráficos mostram que a intensificação da quarentena pode ser a solução para evitar o colapso hospitalar, mas, como tais políticas não possuem efeitos instantâneos, a medida precisa ser tomada com antecedência. É preciso o engajamento da população neste momento, uma vez que já se tem conhecimento que hospitais da capital estão chegando ao limite. Assim, se antes já se fazia necessário todo cuidado, agora a precaução dever ser em dobro”, reforçam.

Acompanhamento dos dados

Os novos dados são parte do modelo matemático criado por um grupo de pesquisadores, que calcula a propagação da covid-19 no Brasil.

A colaboração remota foi concebida por três físicos do Instituto Internacional de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ajustada à realidade com a contribuição dos médicos que atuam em hospitais consolidados e centros de combate a doenças infecciosas. O trabalho envolveu físicos da Ufal e da UFRN (Askery Canabarro, Samuraí Brito e Rafael Chaves), médicos da Santa Casa de Misericórdia de Maceió (Elayne Tenório), do Centro de Teste e Aconselhamento de HIV/Aids da Bahia (Renato Martins) e da Escola Superior de Ciências da Saúde do DF (Laís Martins).

O estudo foi publicado pela Ufal no dia 14 de abril, quando os pesquisadores alertavam para a janela de tempo que ainda trazia esperança de uma tragédia em menor proporção. Na ocasião, eles já indicavam que o pico de casos simultâneos ocorreria por volta do dia 15 de maio. E se a taxa de isolamento social não elevasse com urgência, o país ultrapassaria os quatro mil mortos no dia 21 de abril. Contando com uma margem de erro, observamos que o Brasil não acentuou as medidas restritivas em muitas regiões e chegou a esse número quatro dias depois, em 25 de abril.

O alerta, considerando a eficácia comprovada pelo modelo, é para curva que registrou mais de 30 milhões de infectados por covid-19 no país se a taxa de isolamento, naquele momento, não atingisse cerca de 75%.

“É possível demonstrar que uma semana de quarentena intensa é muito mais eficaz do que várias semanas de isolamento voluntário com níveis em torno de 50% de isolamento. Precisamos ter o máximo de precaução para evitar que Alagoas não alcance estágios críticos como já vistos em outros estados da federação”.

As previsões dos professores Askery Canabarro e Sérgio Lira estão compatíveis com as últimas recomendações do Comitê Científico de combate ao coronavírus do Consórcio Nordeste. Em seu sexto boletim, dentre outras coisas, o comitê recomenda o lockdown de regiões mais afetadas caso a ocupação de leitos seja crescente e atinja 80% da capacidade máxima.

Confira o vídeo explicativo sobre os gráficos em anexo.