Com dinheiro na conta, prefeitura atrasa repasse a hospital de Arapiraca
Gestores do Hospital Regional afirmam que estão em tratativas com a prefeitura
Mais de uma semana depois da confirmação que os R$ 5 milhões da emenda parlamentar de Severino Pessoa ao Hospital Regional já estavam na conta da prefeitura de Arapiraca, a unidade hospitalar ainda não teve acesso ao recurso, que é destinado para o atendimento de pacientes com covid-19. De acordo com o diretor médico da unidade, Ulisses Pereira, o hospital está em tratativas com o município e ainda não há uma previsão de como repasse será gerenciado.
“Acontece que todas as emendas parlamentares para o combate ao coronavírus não podem ser destinadas diretamente às instituições, o recurso tem que ir para um fundo, seja municipal ou estadual e só então repassado. Isso tudo é muito novo para todo mundo. Ainda não sabemos como vai acontecer esse repasse aqui em Arapiraca. A gente espera receber todo o recurso de uma vez, para isso estamos em tratativas com a prefeitura de Arapiraca e elaborando um plano de ação, mostrando todos os custos que temos no atendimento da covid-19”, afirmou o médico.
De acordo com ele, o recurso da emenda parlamentar deve ser utilizado obrigatoriamente para o atendimento aos pacientes infectados pelo coronavírus e o hospital deve utilizar para o pagamento da equipe de profissionais de saúde contratada para a nova ala do hospital e pode ser usado também para aquisição de medicamentos, insumos e equipamentos para a unidade.
No mesmo período em que o deputado federal Severino Pessoa anunciou que os recursos da emenda parlamentar já estavam disponíveis na conta da prefeitura, o Hospital Regional abriu uma ala exclusiva para atendimento de covil-19, com 18 leitos de enfermaria e outros 10 de UTI. Em três dias, não havia mais nenhum dos 28 leitos disponíveis, de acordo com o médico, levando em consideração que a unidade hospitalar precisa manter alguns leitos de UTI desocupados para atender intercorrência de pacientes da enfermaria.
O diretor médico afirmou que as reformas necessárias para a abertura da nova ala não foram executadas tendo em vista o recurso da emenda parlamentar, que inicialmente teria como finalidade fazer uma grande reforma no hospital, agora descartada. “Com a pandemia, todos os recursos foram realocados para o atendimento aos pacientes de covid-19, e nós não podemos ampliar o número de leitos devido a falta de espaço físico. Isso seria possível apenas se fizéssemos uma ampliação do hospital, construindo um primeiro andar, mas não daria tempo de atender os pacientes com essa doença”, ressaltou Ulisses Pereira.
A reportagem entrou em contato com o secretário municipal de Saúde, Glifson Magalhães, para solicitar informações acerca do gerenciamento dos recursos da emenda parlamentar, por telefone e por um aplicativo de mensagens, mas até a publicação da matéria não obteve retorno.