Escassez de testes sobrecarrega Sentinela e Centro de Triagem em Arapiraca
Pessoas com suspeita de Covid-19 precisam peregrinar para conseguir serem testadas em Arapiraca
Os números de casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus não para de crescer em Arapiraca, mas reclamações de pessoas que encontram dificuldades para fazer os testes demonstram que mesmo com a disponibilização de testes em diferentes locais, há ainda muita subnotificação no município. A quantidade de reclamações de pessoas com suspeitas de Covid-19 sobre a dificuldade em fazer o teste demonstra que a Unidade Sentinela que funciona no 3 Centro de Saúde e a Central de Triagem, localizada no ginásio João Paulo II estão sobrecarregados porque há escassez de testes em outras unidades de saúde do município.
“Ontem [segunda, 29 de junho] de manhã fui na Central de Triagem e não tinha testes. Disseram que só chegaria meio dia. Então fui na Unidade Sentinela, mas disseram que só começariam a atender meio dia, porque também estavam esperando os testes chegarem, e lá só distribuem 40 fichas”, afirmou um homem, que reside na zona rural de Arapiraca, e que há cerca de uma semana começou a apresentar sintomas de contaminação pelo coronavírus.
Debilitado por conta da febre e sem conseguir atendimento, voltou para casa e na manhã desta terça, 30, retomou a peregrinação para tentar fazer o exame. Ele contou para o 7Segundos que foi ao 5 Centro de Saúde, por achar que lá o volume de pessoas em busca de atendimento seria menor.
“Lá não tinha fila, mas também não tinha teste. Quem chega lá, eles mandam ir para o Centro de Triagem. Pelo que conversei com outras pessoas que estavam lá, parece que eles sempre fazem isso quando falta teste, sobrecarregando lá no ginásio João Paulo II. Passei na frente da Unidade Sentinela e quando vi aquela fila, desisti de ir para lá. A pessoa está se sentindo doente e ainda ficar no sol, numa fila com todo mundo aglomerado, se não estiver com coronavírus acaba pegando”, ressaltou.
Fim da peregrinação
O homem resolveu, então, seguir para a Central de Triagem. Ele relatou que a quantidade de pessoas esperando era grande, mas o distanciamento social estava sendo mantido e finalmente conseguiu ser atendido. O teste rápido deu positivo. Ele foi atendido por um médico e recebeu a medicação. Voltou para casa e agora vai ficar isolado no quarto por duas semanas.
“Felizmente tenho carro, não tenho dificuldade para me deslocar de um lugar para outro, mas a maioria das pessoas não tem. Ir de um local para outro procurando pode posso ser atendido, voltar para casa, procurar de novo, não é tão simples para a maioria das pessoas, principalmente se elas estão se sentindo debilitadas como eu. Fico revoltado com a falta de responsabilidade do município, que simplesmente joga as pessoas para a Central de Triagem. E o risco desses doentes de contaminarem outras pessoas se deslocando de um local para outro?”, concluiu.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde acerca da quantidade de testes que o município aplica por dia e quais as unidades eles estão disponíveis, mas até o fechamento da matéria não obteve resposta.