Covid -19

Apesar de alcançar fase azul, Arapiraca tem hoje o maior número de doentes de Covid-19 em Alagoas

Município reduziu casos ativos em 63% em um mês, mas número corresponde a mais da metade dos doentes em Alagoas

Por Patrícia Bastos/ 7Segundos 24/09/2020 13h01 - Atualizado em 24/09/2020 13h01
Apesar de alcançar fase azul, Arapiraca tem hoje o maior número de doentes de Covid-19 em Alagoas
Pessoas usam máscara, mas provocam aglomerações no Centro de Arapiraca - Foto: Flávio Nunes/ cortesia

Arapiraca alcança a fase azul da retomada econômica, mas continua sendo o grande gargalo do Estado no enfrentamento da Covid-19. O município contabiliza atualmente o maior número de pessoas que estão estão hoje contaminadas pelo novo coronavírus, os chamados casos ativos que não aparecem nos boletins divulgados pelas secretarias de Saúde.

A cidade conseguiu reduzir sensivelmente a quantidade de casos ativos no último mês, mas contabiliza - conforme cálculos feitos a partir dos dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde no dia 23 de setembro - um total de 698 pessoas que foram diagnosticadas com a doença em menos de 15 dias ou que estão hospitalizadas. Esse número corresponde a pouco mais da metade dos casos ativos de Alagoas, que conforme cálculo do boletim epidemiológico da Sesau é de 1.242 em todo o Estado.

O número de casos ativos pode ser obtido por meio de uma conta simples: do total de casos confirmados de Covid-19, basta subtrair o número de pessoas curadas e o de óbito.

Ou seja, enquanto Arapiraca tem atualmente 698 pessoas enfrentando a Covid-19, todos os demais 101 municípios de Alagoas, incluindo Maceió, esse número chega a 621. Com isso, é possível concluir que Arapiraca é o município onde há mais risco de contrair a Covid-19.

Ainda assim, Arapiraca teve uma redução significativa na quantidade de casos ativos no último mês. No dia 23 de agosto, este número era de 1.897 pessoas doentes, mais que o dobro da quantidade atual. 

Os casos hospitalizados também sofreram uma grande redução. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, na quarta-feira (23), havia 12 arapiraquenses em internação hospitalar decorrente da Covid-19, mantendo a média dos últimos 30 dias. Essas estatísticas podem ter contribuído para a redução dos leitos em Arapiraca, que atende também a outros municípios da região. Com o encerramento das atividades do Hospital de Campanha dr. José Fernandes nesta sexta-feira (25), conforme o 7Segundos adiantou no início da semana, o município passa a contar com 37 UTIs e 68 leitos clínicos no Hospital de Emergência do Agreste e no Hospital Regional.

Mesmo assim, a redução na quantidade de casos ativos e o avanço de fase está ainda muito longe de significar que a guerra contra o coronavírus foi vencida em Arapiraca, apesar de muitos moradores se comportarem como se isso fosse fato, promovendo aglomerações em locais públicos, como no Bosque das Arapiracas, ou em locais particulares, com festas onde há muita confraternização e quase nenhuma máscara de proteção.

Ou ainda saindo de casa para comércio, shopping e restaurantes acompanhados por crianças, que levou a um aumento na quantidade de casos de Covid-19 na faixa etária até 12 anos. No último dia 17, o Centro de Triagem Iza Castro confirmou que o atendimento a crianças com sintomas de gripe e suspeita de contaminação pelo novo coronavírus vinha aumentando nas últimas semanas, até aquela data - no entanto - apenas oito menores de 12 anos haviam testado positivo para a doença.

Fase azul


Com a fase azul, é esperado para o início da próxima semana as atividades do JÁ em Arapiraca, que está fechado desde o final de março, e o aumento na quantidade de atendimentos na Ciretran, que está funcionando de maneira restrita. É aguardado um decreto municipal aumento o horário em que as lojas do comércio e do shopping podem permanecer abertas.

Conforme o decreto estadual, a fase azul permite o funcionamento de todos os setores autorizados nas fases vermelha, laranja e amarela, além de ampliar a capacidade de atendimento para restaurantes e congêneres para 75%, o transporte intermunicipal e turístico para 50%, e templos e instituições religiosas para 75%. Funcionamento de cinemas, museus e promoção de eventos que provocam a aglomeração de pessoas não sofrem alteração até o momento.