Política

Vídeo mostra irmão de prefeito recebendo dinheiro de “rachadinha”

Extrato de transferência de R$ 6 mil para conta de secretário de Finanças confirma esquema

Por Berg Morais 30/10/2020 17h05 - Atualizado em 30/10/2020 17h05
Vídeo mostra irmão de prefeito recebendo dinheiro de “rachadinha”
Irmão de prefeito é flagrado recebendo dinheiro de "rachadinha" - Foto: Reprodução

O secretário de Finanças do município de Olho D´água Grande, Geraldo Melo, foi flagrado recebendo dinheiro de um servidor com cargo em comissão na Prefeitura. Os valores são referentes às conhecidas “rachadinhas”, onde a pessoa nomeada recebe determinada quantia dos cofres públicos e tem que devolver grande parte ao político que está no exercício do mandato.

Imagens de vídeo obtido com exclusividade pelo Portal 7Segundos mostram o momento em que duas mulheres se dirigem à sala do secretário para fazer a entrega do dinheiro. Geraldo Melo, que é irmão do prefeito do município, Zé Adelson (PTB), é flagrado recebendo a quantia de R$ 300,00. Um comprovante de transferência bancária no valor de R$ 6 mil também é uma das provas adquiridas pela reportagem sobre o suposto esquema de corrupção.

Uma das mulheres que aparece nas imagens chega a questionar o valor que estaria faltando e tem a confirmação por parte do gestor das finanças municipais. “Se preocupe não! Estou aqui fazendo alguns pagamentos dele [prefeito Zé Adelson”]”, disse Geraldo Melo.

De acordo com a denunciante, que preferiu ter a identidade preservada temendo represálias, várias pessoas que são nomeadas para cargos comissionados na prefeitura, participam do esquema. “Esse pagamento é um dinheiro a mais que o irmão do prefeito deposita na conta de alguns funcionários públicos do interior. Tem pessoas que são R$ 600 a mais, outras R$10 mil, outras R$ 2 mil, e outros R$ 1 mil”, revelou.

A informante ainda dá detalhes do esquema de arrecadação de dinheiro público. “O dinheiro entra na conta e eles mandam entregar a outra funcionária ou manda alguém ir até a pessoa para pegar o dinheiro. Os contratados que permitem esse ato só permite porque não tem outra escolha. Geraldo não avisa quando e nem quanto vai depositar. Ele simplesmente deposita e depois manda mensagem no Whatsapp avisando o valor a mais que foi depositado e manda levar e entregar na prefeitura a uma funcionária de sua confiança”, explicou.

Pessoas com pouco grau de escolaridade são as mais procuradas para participar da manobra comandada pelo prefeito Zé Adelson. A denunciante chega a lamentar situação. “Infelizmente não há outro meio de vida nessa cidade. A maioria dos funcionários são dos interiores [zona rural] principalmente aqueles que recebem menos de um salário mínimo. São pessoas de pouco conhecimento, porém são pessoas necessitadas que também aceita só para se manter no emprego”, contou.

A informante vai além e revela o nome de uma funcionária que é coagida para fazer a coleta dos valores. “A funcionária que está ocupando o cargo que era da prima do prefeito, Geanes Araújo, o cargo de secretaria de administração chama-se Erika Ferreira. A Erika infelizmente ela é subordinada e coagida por eles. Ela é a funcionaria que recebe os dinheiros que são desviados para outras contas, porém ela não é culpada de nada. Ela é obrigada a fazer isso ou perde o seu emprego”, enfatizou.

Um comprovante de transferência bancária no valor de R$ 6 mil para a conta de José Geraldo Vieira Melo confirma o repasse de dinheiro, supostamente, ilícito para o irmão do prefeito. O documento é do dia 01 de fevereiro de 2019.



O portal 7Segundos tentou contato telefônico com o prefeito Zé Adelson, mas ele não atendeu ou retornou as ligações telefônicas até o fechamento da matéria. Já o secretário Geraldo Melo, também não atendeu as ligações. O irmão do prefeito falou através de aplicativo de conversas, no entanto, quando a assunto da matéria foi revelado, ele passou a não responder.

Veja, abaixo, o vídeo do momento em que o dinheiro é repassado para Geraldo Melo na Prefeitura de Olho D´água Grande. Parte das imagens foram distorcidas para manter o sigilo da fonte.