Percentual de testagem positiva em Arapiraca pode superar segundo pior mês da pandemia
Coordenadora da Central de Triagem Iza Castro afirma: "população está descuidando"
O aumento na procura por testes e o percentual de resultados positivos para Covid-19 tem chamado a atenção dos profissionais de saúde da Central de Triagem Iza Castro, que funciona no Ginásio João Paulo II, em Arapiraca e que atende também municípios vizinhos.
Em entrevista para o 7Segundos, a coordenadora do serviço, Jaqueline Barbosa, afirmou que o percentual de testagem positiva pode superar o segundo pior mês da pandemia e faz um alerta: ainda não acabou.
"É uma situação muito preocupante porque a gente observa que a população está se descuidando. Não podemos associar [o aumento do número de casos] ao período eleitoral, porque a gente tem visto esse descuido em todos os lugares, independente de qualquer coisa. As pessoas relaxaram e acham que a pandemia acabou. Nós vemos pessoas na rua sem máscara, aglomeradas sem os devidos cuidados, idosos em locais que não deveriam estar, crianças também fora de casa sem necessidade. Mas a pandemia não acabou", afirmou.
Jaqueline Barbosa afirma que entre o dia 1º e o dia 22 de novembro 1.459 pessoas buscaram atendimento na Central de Triagem e 803, que estavam na janela de testagem - entre o décimo e o décimo quarto dia do surgimento dos sintomas - foram submetidas ao teste rápido para Covid-19 e 182 tiveram resultado positivo. Isso representa que 23% dos testes aplicados, o resultado foi positivo para contaminação pelo novo coronavírus.
Jaqueline Barbosa, coordenadora do Centro de Triagem Iza Castro
Novo pico de casos
Esse percentual, que pode aumentar levando em consideração que ainda falta uma semana para o mês de novembro acabar já superou os meses de setembro e outubro, que foi de 16% em ambos, e já é igual ao segundo pior mês desde a abertura na Central de Triagem, na segunda semana de junho.
"Nosso maior pico de casos positivos foi em julho, quando tivermos 45% de pacientes com testes positivos. No mês seguinte, esse percentual caiu para 23%, que é exatamente o patamar que temos hoje. Ou seja, nós já equiparamos com um dos piores meses da pandemia", ressaltou.
A coordenadora afirma que o percentual de testagem positiva é maior entre as mulheres porque elas costumam buscar mais rápido atendimento médico e chamou a atenção também para o descuido com a possibilidade de contaminação das crianças.
"Muitas vezes as crianças são assintomáticas, mas mesmo assim acabam sendo vetor de transmissão para aquele vôzinho que não está saindo de casa, ou para aquela pessoa que está com baixa imunidade", disse.
"Aglomeração máxima, cuidados mínimos"
A profissional também alertou que a população não deve relaxar quanto aos cuidados de higiene pessoal e sanitários para evitar a contaminação, como o uso de máscara, higiene correta das mãos e evitar aglomerações.
Jaqueline Barbosa afirma que não precisa ir muito longe para perceber que há aglomeração demais e cuidados de menos. Ela conta que saindo da Central de Triagem nos finais de semana percebe aglomerações no Bosque das Arapiracas e barzinhos lotados.
"Isso é inaceitável. A pandemia não acabou e ainda assim nesses locais a aglomeração é máxima e o cuidado é mínimo", ressalta.
Apesar do aumento no número de casos em Arapiraca, não há até o momento sinalização para aumentar a quantidade de leitos para atender pacientes com Covid-19, de acordo com a coordenadora da Central de Triagem. No período mais crítico da pandemia, o governo do Estado abriu hospitais de campanha usando leitos do Memorial Djacy Barbosa e da Casa de Saúde Nossa Senhora de Fátima, que foram fechados quando houve uma redução na necessidade de internações.
"Até o momento, não recebemos informação sobre a abertura de leitos. Hoje temos o Hospital Regional, que atende pacientes com Covid-19 e dispõe de UTI e tamos também o Hospital de Emergência, que é nossa referência para regulação de leitos, para os pacientes que são atendidos aqui e precisam de internação", explicou.