Profissionais da Educação foram marcados por medo e adaptações durante pandemia
No início da pandemia, professores foram obrigados pelo momento a utilizar novas ferramentas e a desenvolverem novas estratégias de ensino
A área da Educação foi, sem dúvida, uma das mais afetadas pela pandemia de coronavírus em todo o mundo. Sem aulas presenciais desde março, professores penaram para adaptar suas rotinas domésticas à nova forma de trabalho.
Para evitar o prejuízo aos alunos, boa parte das escolas Brasil afora implementaram plataformas e estratégias de ensino a distância. As mais utilizadas são Google Classroom, grupos de Whatsapp, Zoom, além das desenvolvidas pelas próprias escolas.
No início da pandemia, professores foram obrigados pelo momento a utilizar novas ferramentas e a desenvolverem novas estratégias de ensino.
Para a pedagoga Rayane Andreza, que dá aula em uma escola particular de Arapiraca, o começo da pandemia foi marcado por muito medo e incertezas.
"O início foi muito assustador, porque a gente não sabia como agir. O ano letivo tinha sido iniciado havia pouco tempo e havia um planejamento a seguir. Confesso que eu não entendia a gravidade da situação e nem achava que iria demorar tanto. Quando comecei a entender tudo, tive muito medo e insegurança, principalmente por precisar gravar vídeos. Como trabalho com crianças, isso exige muita criatividade para chamar a atenção delas", contou.
Segundo Rayane, o processo de trabalho durante a pandemia mudou completamente.
"Além do planejamento habitual, agora também temos que pensar na gravação e edição dos vídeos. Além disso, o contato com os familiares das crianças precisou ser estreitado, para identificar se a abordagem utilizada está sendo eficiente e ajudando no desenvolvimento pedagógico dos alunos", disse ela, que trabalha com a alfabetização de crianças.
O maior desejo da pedagoga é voltar à sala de aula, com segurança. "Espero muito que essa vacina chegue logo até nós, para que possamos voltar aos trabalhos presenciais. Como professora, fiz o possível e lutei ferozmente contra os meus medos e inseguranças e acredito que tenha desempenhado um bom trabalho, apesar de ser um ano atípico e cheio de desafios", finalizou.
Outra realidade
Para outros professores, a adaptação forçada foi traumatizante. É o caso da professora de inglês Edileuza Balbino, de 53 anos, que atua na rede municipal de Educação de Arapiraca.
"Eu não tenho muita intimidade com o mundo digital e isso dificultou bastante o processo de ensino remoto. Apesar de nós, professores do Município, utilizarmos as cadernetas escolares de forma online, o processo de adaptação às novas plataformas foi de uma hora pra outra", disse ela.
Segundo a professora, o trabalho realizado em casa foi muito mais cansativo do que o dia a dia em sala de aula.
"Eu trabalho em duas cidades, Arapiraca e Junqueiro e estou na estrada todos os dias, de uma cidade pra outra, para dar conta da carga horária de professora de escola pública. Apesar dessa rotina ser cansativa, nada se compara ao trabalho remoto, que acaba sugando muito do nosso tempo", relatou Edileuza.
Para ela, a participação da família tem sido essencial para conseguir dar conta do trabalho durante a pandemia.
"Como meus filhos e meu genro têm mais facilidade em mexer com internet, passei a pandemia inteira chamando eles para me ajudar com as tarefas diárias. Aprendi muitas coisas novas, mas também me desesperei muitas vezes. Cheguei a chorar em alguns momentos achando que não ia conseguir dar conta. Sinceramente, eu não vejo a hora de voltar à rotina presencial", continuou.
Ainda de acordo com Edileuza, o processo de aprendizagem dos alunos da escola pública não foi o ideal.
"Na rotina normal, muitos alunos não conseguem acompanhar, alguns por dificuldades e outros por falta de interesse. Isso acabou sendo ampliado durante a pandemia, agravado também pela falta de estrutura tecnológica por parte da educação pública. Isso prejudica o aprendizado e acaba desmotivando o alunado", finalizou a profissional da Educação.