Acusado de conceder gratificações irregulares e da prática de “rachadinhas”, ex-prefeito pode ser preso
Padre Eraldo deverá responder por improbidade administrativa. Sem mandato, ele perde as prerrogativas do cargo
Após perder a batina e ser proibido de exercer suas atividades sacerdotais, Padre Eraldo foi derrotado nas urnas e perdeu a Prefeitura de Delmiro Gouveia para Ziane Costa. Sem foro privilegiado e prestígio político, o ex-prefeito terá de responder na Justiça por uma série de irregularidades.
As denúncias vão de desvio de dinheiro público às famosas “rachadinhas”, quando os servidores fazem a divisão dos salários de forma irregular para beneficiar o detentor de mandato.
De acordo com denúncia enviada ao Ministério Público Estadual (MP), Padre Eraldo pagou, no apagar das luzes do seu mandato, o décimo terceiro salário e até férias para servidores comissionados “selecionados”. Mas acontece que, durante os últimos quatro anos, o gestor não realizou essa gratificação.
Um dos beneficiados revelou que Padre Eraldo exigiu que os valores das gratificações fossem devolvidos à pessoas de sua confiança. “Os valores foram recebidos e fomos obrigados a sacar ou transferir para um secretário. Inclusive pessoas ligadas ao prefeito Padre Eraldo, familiares dele, também receberam”, disse uma das testemunhas, que preferiu ter o nome preservado.
Segundo pesquisa realizada ao Portal da Transparência da Prefeitura é possível identificar os pagamentos e comprovar que servidores com cargos semelhantes não receberam a gratificação.
Na secretaria de Turismo, por exemplo, os extratos do Portal da Transparência mostram que apenas um servidor comissionado recebeu R$ 9.886,66. No entanto, o maior salário comissionado de qualquer secretaria é de R$ 5 mil.
A reportagem entrou em contato com o ex-prefeito Padre Eraldo, mas na identificação do veículo de comunicação, ele desligou a chamada telefônica e não atendeu mais as ligações.