Política

Pazzuelo é alvo de requerimento na Câmara por ‘lobby da cloroquina’

Mesmo sob seis frentes de investigação, o ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, abriu nova licitação para a compra de mais medicamentos

Por Carta Capital 04/03/2021 15h03
Pazzuelo é alvo de requerimento na Câmara por ‘lobby da cloroquina’
Pazzuelo é alvo de requerimento na Câmara por ‘lobby da cloroquina’ - Foto: Saulo Angelo/Futura Press

Enquanto o Brasil sofre sem vacinas, o presidente Jair Bolsonaro, via Ministério da Saúde, entope o País com o chamado “kit covid”: cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina.

Mesmo sob seis frentes de investigação, o ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, abriu nova licitação para a compra de novos medicamentos e, a mando de Bolsonaro, colocou cinco ministérios e o Exército para operarem durante a pandemia o “tratamento precoce”.

Agora, vem à tona empréstimos da ordem de 20 milhões de reais do BNDES à empresa Apsen, a que mais lucrou com cloroquina ao longo de um ano de pandemia. O proprietário, Renato Spallicci, é bolsonarista e negacionista convicto e foi um dos que mais lucraram com a campanha pró-medicamento do Governo Federal.

O ministro da Saúde, que é alvo do TCU, da PGR e do MPF, agora tem um pedido de informações feito na Câmara dos Deputados para detalhar o “lobby da cloroquina”. A partir do recebimento do requerimento, Pazuello tem 30 dias para responder.

Dentre os pedidos de informações, estão a distribuição por estado e município do “kit Covid”. A Manaus (AM), por exemplo, foram enviados 120 mil comprimidos quando estourou a crise da falta de oxigênio.

Além disso, a Aeronáutica também teria sido mobilizada para difundir o chamado “tratamento precoce”, segundo queixa-crime enviada pelo STF à PGR. Até novembro, haviam sido distribuídos 6 milhões de comprimidos via governo.

No pedido de informações de autoria do deputado federal Rogério Correia (PT-MG), Pazzuelo também é questionado sobre o destino dos dois milhões de comprimidos de cloroquina enviados pelos Estados Unidos. Vale lembrar que o laboratório Sanofi Aventis – o único internacional autorizado pela Anvisa a vender cloroquina no Brasil – tem como sócio o ídolo de Bolsonaro Trump.

“Apresentei o requerimento, pois precisamos saber quem é que está ganhando dinheiro com essa fabricação absurda de cloroquina. Já vieram à tona informações de farmacêuticas vinculadas ou cujos empresários são amigos do presidente. Milhões de reais estão indo pelo ralo e que não ajudam em nada o combate à Covid”, afirmou Correia.

O parlamentar também é autor do pedido de CPI da Cloroquina na Câmara dos Deputados, que conta com mais de 60 assinaturas.

Todas as informações que vieram à tona até agora foram, principalmente, via Lei de Acesso à Informação, uma vez que o governo federal não explica e não esclarece o tamanho interesse e o real gasto de dinheiro público com o “kit Covid”.