Força Tarefa do Ministério Público deve atuar no caso dos frascos da Coronavac que não rendem 10 doses
Além de Arapiraca, diversas outras cidades de Alagoas e de fora do estado também apontam para o mesmo problema
O caso dos frascos da vacina da Coronavac que estão rendendo menos que as dez doses estipuladas pelo fabricante será investigado pela Força Tarefa do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL).
A informação foi confirmada pelas assessorias de comunicação de vários outros municípios alagoanos que apontaram o mesmo problema. Na maioria deles, os frascos contêm apenas nove doses do imunizante.
O Portal 7 Segundos conversou com o promotor de Justiça Lucas Mascarenhas, que informou estar acompanhando de perto toda a vacinação em Arapiraca e que, assim que o problema foi detectado pela Secretaria Municipal de Saúde, ele foi informado.
Sobre o assunto, especificamente, o promotor explicou que o Ministério Público Estadual está trabalhando para instruir adequadamente o caso.
"A situação será posta em análise da Força Tarefa do Ministério Público, bem como ouviremos a Secretaria de Saúde Estadual. Em posse das informações concretas informaremos as medidas que, caso necessário, serão adotadas", disse o promotor, sem dar mais detalhes.
Butantan nega problemas de envasamento
Em nota ao Portal 7 Segundos, o Instituto Butantan informou que o volume dos frascos é mais que suficiente para a aplicação das dez doses e sugere problemas da extração do líquido por parte dos técnicos da vacinação. Confira a nota na íntegra:
O Instituto Butantan informa que cada frasco da vacina contra o novo coronavírus contém nominalmente 10 doses de 0,5 ml cada, totalizando 5 ml, e adicionalmente ainda é envasado conteúdo extra, chegando a 5,7 ml por ampola.
Esse volume, devidamente aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é suficiente para a extração das dez doses. É importante que os profissionais de saúde estejam capacitados para aspiração correta de cada frasco-ampola, além de usar seringas e agulhas adequadas, para não haver desperdício.
Todas as notificações recebidas pelo instituto até o momento relatando suposto rendimento menor das ampolas foram devidamente investigadas, e identificou-se, em todos os casos, prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação. Portanto, não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes pelo Butantan.
Além disso, inspeção da Vigilância Sanitária realizada no último dia 20/4 não encontrou nenhuma inadequação na linha de envase da Coronavac.
O Butantan realizou por meio de seus canais de comunicação informes técnicos no sentido de orientar os profissionais da saúde a usar as doses extras. Reforçamos que todas as investigações pertinentes foram feitas e todos os controles realizados nos lotes liberados foram avaliados. A conclusão encontrada, e já dividida com a Vigilância Sanitária, é que não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes por parte do Instituto Butantan. Na verdade, trata-se de uma prática incorreta no momento do uso das doses.
É essencial que tais profissionais sigam as orientações e práticas adequadas, no intuito de evitar perdas durante a aspiração da vacina. Seringas de volumes superiores (ex: 3ml, 5ml), podem gerar dificuldades técnicas para visualizar o volume aspirado, uma vez que podem não possuir as graduações necessárias. Outro fator decisivo é a posição correta do frasco e da seringa no momento da aspiração.
O Instituto Butantan vem atuando juntamente aos gestores envolvidos na campanha de vacinação no intuito de orientar cada vez mais os profissionais responsáveis pelas aplicações das doses.