Foi na noite de 9 de julho de 2000, há exatos 21 anos, que o ASA conquistou o seu primeiro título estadual nos gramados. O time precisava de uma vitória diante do rival, CSA, no Estádio rei Pelé, em Maceió, para se tornar campeão alagoano pela primeira vez dentro de campo, isso porque o único título estadual do ASA até então era o de 1953, ganho nos tribunais desportivos e reconhecido algumas décadas depois.

Não foi fácil

Um ingrediente a mais para ficar na memória dos torcedores alvinegros é que a decisão do título de 2000 aconteceu em uma série de três jogos onde o ASA foi derrotado em Arapiraca na primeira partida por 3x1. Diante do resultado negativo, o ASA ficou com a obrigação de derrotar o CSA duas vezes em Maceió na sequência para se tornar campeão e foi o que aconteceu.

Na segunda partida o alvinegro venceu o CSA por 2x1 e no terceiro e último jogo o ASA conseguiu vencer outra vez o CSA, desta vez pelo placar de 1x0 com um gol de cabeça de Jaelson Marcelino aos 25 minutos do 2º tempo.

Goleiro do CSA não chega a tempo de fazer a defesa após Jaelson cabecear para o gol. Foto: reprodução / internet 

Outro ingrediente que marcou àquela noite foi o fato do título ser ganho dentro da casa do adversário que já era tetracampeão alagoano e estava apostando todas as fichas no pentacampeonato com a festa da vitória já programada para acontecer após o apito final, mas, a festa que se viu foi da torcida alvinegra que compareceu ao estádio Rei Pelé naquela noite para comemorar junto aos jogadores, enquanto que em Arapiraca, uma nação inteira acompanhava pelo rádio o histórico jogo numa noite fria e chuvosa de quarta-feira.

A importância do título de 2000 para o ASA e para toda Arapiraca e região é tão grande que a Câmara Municipal de Arapiraca aprovou em 2015 um Projeto de Lei de autoria da então vereadora Aurélia Fernandes, instituindo o dia 9 de julho como o Dia do Torcedor Alvinegro.

Como Tatuagem

Torcedor faz tatuagem em amor ao clube do coração. Foto: cortesia

Foi mesmo uma conquista marcada para sempre na história do clube e de muitas pessoas que mesmo ainda crianças, vibraram com o título, a exemplo do torcedor Sérgio Pinheiro, 26 anos. A paixão pelo ASA é tão grande que Sérgio fez questão de deixá-la marcada pera sempre através de uma tatuagem na panturrilha. Sérgio conta que em 2000 tinha 4 anos de idade, mas já frequentava os estádios com o pai, que é torcedor do ASA.

Sérgio com o pai em jogo do ASA. Foto: cortesia

Ele lembra que o pai ficou frustrado por não poder ir até Maceió assistir à partida final, mas os dois não deixaram de acompanhar o jogo pelo rádio juntos, como sempre. “Sempre fomos muito grudados, eu, meu pai e o ASA, por isso fiz a tatuagem em homenagem ao ASA e também ao meu pai porque foi através dele que eu passei a assistir aos jogos do alvinegro”. Sérgio disse também que considera o título de 2000 importante porque foi a partir daí que os clubes do interior começaram a quebrar a hegemonia dos times da capital, a exemplo do próprio ASA, Murici, Coruripe, conta o torcedor.

Sérgio ainda acompanha os jogos do ASA ao lado do pai. Foto: cortesia

Símbolo

Claro que a conquista de um título deve ser dividida entre todo grupo de jogadores, comissão técnica, dirigentes, funcionários do clube e torcedores, mas, um jogador em especial é sempre lembrado quando se fala na decisão de 2000. Estamos falando de Jaelson Marcelino, hoje técnico de futebol. À época, Jaelson jogava como volante e foi dele o gol que deu a vitória por 1x0 e o título de campeão alagoano de 2000 ao ASA, gol marcado após uma cobrança de escanteio aos 25 do segundo tempo.

Jaelson Marcelino como  jogador do ASA em 2000. Foto: reprodução /internet

“O dia 9 de julho é um dia especial e inesquecível para mim, eu que faço aniversário agora em 15 de julho, considero aquele gol como um presente de aniversário para mim, foi inesquecível, e não foi somente o Jaelson, todos os jogadores merecem os parabéns, a torcida, os dirigentes”, disse o ex-jogador do ASA, emocionado ao relembrar a conquista.

Jaelson Marcelino também já foi técnico do ASA. Foto: reprodução / internet

Jaelson disse ainda que ouviu hoje num grupo de whatsapp do qual faz parte a narração do radialista Nelson Filho daquele gol inesquecível e es emocionou como na primeira vez. “O ASA foi muito importante para mim, todos sabem disso, porque foi no ASA que eu me reergui como atleta e como pessoa”, concluiu Jaelson.

Plantão

Outro arapiraquense apaixonado pelo ASA que também se emociona sempre que lembra dessa data é o médico Celso Marcos, atua vice-presidente do Conselho Deliberativo, que de torcedor e posteriormente, médico do clube, tornou-se também dirigente do alvinegro, fazendo parte, inclusive, de algumas outras conquistas importantes para a história do alvinegro, como o título estadual de 2009 e o acesso à série B no mesmo ano.

Médico Celso Marcos em entrevista como dirigente do ASA. Foto: reprodução

“A segunda partida daquela decisão quando o ASA ganhou com o Rei Pelé praticamente lotado, já com a festa pronta e a gente, pouquíssimos torcedores do Asa eu estava, tava de plantão no estágio como plantonista no HGE, antigo Hospital de Emergência Armando Lages, e na hora que acabou meu plantão, era a hora que ia ser o jogo do Asa e aí eu resolvi assistir e pude acompanhar com aqueles poucos torcedores do ASA que estavam lá. Aquele resultado em que a gente ganhou e forçamos a terceira partida. Aí, na terceira partida, eu fazia parte daquela multidão alvinegra que tava no estádio lotado, muita gente de Arapiraca. E acompanhamos, foi uma emoção muito grande, com aquele gol do Jaelson, a gente viu os torcedores emocionados, chorando, foi uma comoção muito grande, foi uma uma das mais belas festas que eu já vi”, conta Celso Marcos.

Fachada do Estádio Municipal Coaracy da Mata Fonseca, em Arapiraca. Foto: reprodução / internet

Presidente

O atual presidente executivo do ASA, Moisés Machado, exaltou o papel dos torcedores na história vitoriosa do clube. Moisés reconhece que o momento atual do alvinegro é um dos mais difíceis, mas, lembrou que esta semana o clube conquistou mais uma vitória fora de campo com a inclusão da Agremiação Sportiva Arapiraquense num Ato Trabalhista da Justiça do trabalho em decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT 19ª Região), que desbloqueia as contas do clube com a contrapartida do ASA honrar seus compromissos com as dívidas trabalhistas.

Presidente do ASA, Moisés Machado. Foto: reprodução /internet

“A situação do ASA não é nada fácil, a gente vem enfrentando grandes desafios que é de manter essa equipe em atividade e para isso, estamos buscando os resultados dentro e também fora de campo. Fora de campo, a gente tem avançado bastante a questão organizacional e principalmente nas conquistas das causas trabalhistas como o ato trabalhista, que foi muito importante aí pra o clube”, disse Moisés Machado que ainda afirmou que comemorou o Ato Trabalhista como um titulo de campeonato. É um presente para a nossa torcida, disse Moisés Machado.

“A torcida é nosso maior patrimônio, e hoje, como é o dia do torcedor alvinegro, a gente só deixa a mensagem que os torcedores podem confiar nas pessoas que se encontram hoje no clube porque a gente está procurando fazer o melhor para que o time possa alcançar seus objetivos. E que o torcedor possa cada dia mais abraçar o seu clube, é o clube do coração e é preciso que a torcida torcida esteja perto, sempre”, finalizou Moisés Machado.