Eleitorado brasileiro no exterior sobe 32% e já supera o de 3 estados
Lisboa superou Miami como cidade estrangeira com mais eleitores brasileiros. Votação ocorrerá em consulados e embaixadas
O interesse de brasileiros que vivem no exterior em participar das eleições tem crescido fortemente a cada pleito, e demandado esforço cada vez maior do Estado em oferecer a estrutura para a votação em cerca de 100 países. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), há 666.663 brasileiros aptos a votar fora do país.
O número é 32% maior do que o eleitorado fora do Brasil na última eleição presidencial, em 2018, que era de 502.809 pessoas. E 233% maior do que em 2010, quando havia 199.795 brasileiros registrados para votar em outros países. Nesse mesmo período (2010 a 2022), o eleitorado total do país cresceu em ritmo menor, cerca de 10%, de 135 milhões para 149 milhões.
O atual eleitorado brasileiro registrado no exterior é maior do que o de três estados: Acre, que tem 578.282 eleitores; Amapá (548.999); e Roraima (366.355). Ainda assim, é um número baixo quando comparado ao total de brasileiros vivendo fora do país, que foi estimado em 4,2 milhões pelo Ministério das Relações Exteriores há dois anos. Como o voto no Brasil é obrigatório, mesmo quem vive fora há muitos anos precisa continuar votando ou justificando a ausência, o que agora pode ser feito on-line, por meio do aplicativo e-Título do TSE.
A maioria dos eleitores brasileiros no exterior está nos Estados Unidos, no Japão e em Portugal, mas há mudanças na composição desse eleitorado. Nos últimos pleitos, Miami, na Flórida, foi a cidade estrangeira com mais votantes do Brasil. Em 2022, porém, esse posto será tomado pela primeira vez por Lisboa, a capital de Portugal.
Veja o ranking das cidades fora do país com mais eleitores brasileiros:
Urnas eletrônicas e de lona dão a volta ao mundo
A Justiça Eleitoral de Brasília é responsável pela organização da votação ao redor do mundo. Para isso, conta com o apoio do Itamaraty e de sua rede de embaixadas e consulados.
Normalmente, a votação ocorre nas sedes da diplomacia. Mas em cidades com muitos votantes, como Lisboa, Miami, Paris e Londres, as embaixadas costumam abrir mais locais de votação; por isso cada eleitor registrado no exterior precisa conferir sua zona de votação antes de sair de casa. Até mesmo para evitar o frio do hemisfério Norte em outubro e novembro e se planejar para as longas filas que costumam se formar nas grandes cidades.
As urnas usadas pelos brasileiros no exterior são iguais às usadas por aqui, mas viajam para os locais em malotes diplomáticos do Itamaraty. Outra diferença é que elas só registram votos para presidente. Quem vota no exterior não escolhe governador, senador ou deputado.
A votação só é eletrônica em zonas com 100 eleitores ou mais. Quando há menos eleitores registrados, o voto é em cédula de papel e depositado nas velhas urnas de lona.
Há cidades, como Bamaco, a capital do Mali, ou Cobija, no interior da Bolívia, onde há apenas um eleitor brasileiro registrado. Mesmo assim, é montada a estrutura para que essa pessoa participe do pleito.
Como no Brasil, a votação ocorre entre 8h e 17h nas zonas no exterior, mas no horário de cada local, e não no de Brasília. Assim, eleitores brasileiro-australianos, por exemplo, começam a votar quando aqui ainda é o dia anterior. Já os que vivem no Havaí ainda podem votar várias horas após o fechamento das urnas por aqui.
Os resultados da votação brasileira nos países estrangeiros são transmitidos pelo sistema do TSE e somados aos votos registrados no Brasil.
E como votam os migrantes?
Não há pesquisas eleitorais com os brasileiros no exterior.
Nas eleições de 2018, a abstenção foi alta entre os eleitores registrados no exterior – mais da metade faltou. Dos que foram votar no primeiro turno, 58,79% votaram em Jair Bolsonaro (então no PSL); 14,52%, em Ciro Gomes (PDT); e 10,10%, em Fernando Haddad (PT).
Juntando todos os eleitores, Bolsonaro teve 46,03% dos votos válidos, seguido de Haddad, que teve 29,28% e foi ao segundo turno, e por Ciro, que ficou com 12,47%.
No segundo turno, Bolsonaro teve 71,02% dos votos válidos (131.671 votos) contra 28,98% (53.730 votos) de Haddad. O presidente eleito venceu em países com mais eleitores, como Estados Unidos, Inglaterra, Portugal e Espanha. Haddad teve mais votos em países como Alemanha, Rússia e Argentina.