Professor Cícero Albuquerque sai vitorioso de debate ao propor soluções para Alagoas
Ele abordou, durante o segundo debate dos candidatos ao governo, questões como concursos públicos, o caso Brasken, fortalecimento da economia no Sertão e infraestrutura para Alagoas
No segundo debate ao governo do estado, realizado na noite desta segunda-feira (5), pela TV Mar, o professor e educador popular Cícero Albuquerque, candidato pelo PSOL, saiu vitorioso. Ele foi o único candidato disposto a discutir as problemáticas reais de Alagoas e a propor temas essenciais para o desenvolvimento do estado, como reforma agrária, o caso Brasken, concursos públicos para a saúde, crescimento da indústria e valorização dos professores.
No primeiro bloco, Cícero abordou a questão da geração de empregos e respeito ao trabalhador. Ele trouxe dados e falou sobre a perda de 100 mil postos de trabalho em Alagoas este ano, que amarga um índice de desemprego de 14%, acima da média nacional.
“Estranho muito que nesse momento do país em que o desemprego explode, em que a fome volta, em que pais e mães de família estão desesperados por não ter o que comer, alguém tenha coragem de defender o governo Bolsonaro, que promove tudo isso”, em réplica ao candidato Fernando Collor.
“É um desafio para todos nós gerar emprego e, o senhor fala bonito, mas não cumpre nas suas empresas o que o senhor está dizendo. Muito de seus trabalhadores estão, nesse momento, esperando a indenização que o senhor não paga”, disse Cícero a Collor, referindo-se ao calote dado em funcionários demitidos das Organizações Arnon de Mello, de propriedade do senador, e que tem uma dívida de mais de R$ 60 milhões de reais a fornecedores e trabalhadores.
Questionado sobre a saúde em Alagoas, Cícero trouxe ao debate a necessidade de construção de novos equipamentos públicos, a manutenção dos equipamentos que estão funcionando. Ele destacou a atuação do funcionalismo público da saúde alagoana durante a pandemia. “Deram um show”, disse Cícero, sobre os servidores. Como forma de ampliar e aperfeiçoar o atendimento em saúde em Alagoas, Cícero propôs a realização de concursos públicos para a área.
“É importante imediatamente fazer concursos públicos, não é importante que esses equipamentos sejam tocados ad aeternum por pessoas que não são concursadas”, afirmou Cícero, que ponderou que, apesar de ser um candidato de oposição, sabe reconhecer o que foi positivo e negativo em gestões anteriores. “Sou candidato a governador porque acredito na capacidade do povo alagoano de escolher o melhor, então digo que um governo nosso continuará o que está dando certo e superará aquilo que está errado, portanto, entendemos que a saúde pública é um assunto sério, que deve ser tratado com todo cuidado e carinho. Não é aceitável que não tenha sido feito nos últimos quatro anos, os devidos concursos públicos”, pontuou.
Sobre a indústria e inovação em Alagoas, Cícero apontou que é preciso incentivar essa novas dimensões de trabalho e empresa, mas, lembrou, que é preciso construir alternativas para aqueles que não participam desse processo.
“Há uma multidão de pessoas que não participam disso. A realidade é outra. Há empresas em Alagoas, como, por exemplo, a empresa Troia [ de produtos de limpeza], que produz e exporta para o Nordeste inteiro. É preciso que a gente dialogue com a realidade local. Alagoas e o próximo governo precisam chamar o Nordeste para um pacto, de mobilização, para a construção de alternativas endógenas, alternativas por dentro, ou então a gente não consegue construir uma dimensão. Essa visão futurista, por mais válida que ela seja, é típica de alguém que não dialoga com a realidade concreta, que vive no mundo da Lua”.
Cícero foi questionado pela jornalista Porllanne Santos, da própria TV Mar, sobre como minimizar permanentemente os efeitos econômicos, sociais e ambientais causados pela seca em Alagoas. O candidato apontou a democratização do acesso à terra como um dos principais fatores para a superação deste tema. “Nosso problema não é seca, é cerca”.
“A propriedade no Nordeste está na mão de alguns, isso inviabiliza a existência da maioria, precisamos construir uma alternativa que diga que é preciso democratizar o acesso à terra, que é preciso democratizar o acesso às riquezas e dar oportunidade ao povo nordestino, especialmente ao povo da região da seca. Nosso governo tem o compromisso de investir no semiárido e de apostar no povo. Nós temos propostas para o sertão e semiárido, acreditamos no potencial muito mais do que nos problemas. Precisamos entender o sertão e o nordeste e potencializar a indústria e o comércio nessa região. ”, destacou.
Meio Ambiente
Durante diálogo sobre o meio ambiente, o candidato Cícero Albuquerque foi o primeiro, em todos os debates, a trazer para a pauta de discussão e propostas o caso Brasken.
Segundo ele, todos os candidatos hoje eram representantes públicos quando o caso estourou, mas eles, pouco fizeram para culpabilizar a mineradora Brasken e garantir dignidade às 60 mil vítimas do maior crime ambiental em área urbana do mundo
“Alagoas foi vítima de um grande crime ambiental. Prefeito, governador e senadores, hoje candidatos, omitiram-se em culpabilizar a Brasken e em garantir dignidade às vítimas. Trazer isso ao debate é enfrentamento. Dizemos não a um desenvolvimento que não respeita a natureza”.
Infraestrutura
O candidato foi perguntado também sobre a finalização da obra de duplicação da rodovia AL-101 Norte. Ele assumiu o compromisso de empreender todos os esforços para trazer recursos para viabilizar a obra, em resolver, inclusive, as pendências jurídicas que envolvem a duplicação, mas fez a ressalva que é preciso pensar a questão da infraestrutura como a garantia de acesso da população a bens essenciais.
“O governo atual investiu muito em estradas, em estradas que muitas vezes não eram a prioridade, não investiu na reforma das escolas como deveria, não investiu em obras fundamentais, mas fez estrada. Quero fazer estrada, mas fazer estrada depois que atender o povo. Quando vamos à periferia e vemos o povo sem saneamento básico, sem moradia, sem condições mínimas de existência, a gente tem que falar de infraestrutura, isso é infraestrutura também. A obra é importante, priorizada e será feita, mas, repito, é preciso pensar no povo primeiro”.
O candidato apontou ainda a responsabilidade de outros candidatos, como o senador Fernando Collor, no não desenvolvimento do estado. “Você como senador da república há oito anos tem responsabilidade, deveria estar dizendo aqui que aportou recursos, que indicou obras, mas ao invés disso fala de um passado remoto. Quem ouve o senador falar sobre seu governo, que Alagoas era um paraíso. Não é verdade senador, o povo conhece sua história, o povo não é tolo e sabe sua trajetória”. Ele comparou, ainda, o senador a Jorginho Guinle, herdeiro milionário, que decidiu não trabalhar e acabou falido.
Educação
Professor há 34 anos, Cícero Albuquerque comentou sobre a valorização dos servidores da educação no estado. Segundo ele, há em curso, um processo de adoecimento dos educadores e profissionais da área devido. “A realidade é mais bruta, esse jovem da periferia não tem o que comer, professores estão adoecendo. Falar a distância de coisas que a gente não conhece é fácil, é tudo muito bonito e empacotado, mas não. As pessoas estão sobrevivendo com dificuldade e os jovens não tem como acompanhar o desafio que temos. É preciso enfrentar a realidade. Nossos companheiros de sala de aula estão sofrendo como nunca sofreram.
O candidato Albuquerque finalizou a participação no debate ressaltando a importância do povo negro, falou em liberdade e "sonho de Justiça plantado no Quilombo dos Palmares". E acrescentou: "Dantas e Cunha vocês acovardaram", sobre a ausência dos candidatos que lideram a pesquisa e faltaram ao debate.