O interrogatório dos acusados pelo assassinato da jovem Roberta Dias está marcado para o dia 18 de outubro. A 4ª Varal Criminal de Penedo agendou a audiência para às 10h15 da terça-feira (18/10) com os réus Karlo Bruno Pereira Tavares, 25 anos, e Mary Jane Araújo Santos, 52 anos.

Eles são acusados pelo envolvimento da morte de Roberta Dias, que foi sequestrada e morta em abril de 2012, na Praia do Peba, Litoral Sul de Alagoas, no município de Piaçabuçu.

Na mesma decisão em que determinou o prosseguimento da marcha processual, o magistrado Nelson Fernando de Medeiros Martins rejeitou o aditamento da denúncia para inclusão de novas qualificadoras (emprego de tortura ou outro meio insidioso ou cruel e feminicídio).

No entendimento do juiz, “o fato novo referente à localização de 'pedaços de cordas e peças de vestuário' encontrados junto aos restos mortais da vítima, por si só, não indica a ocorrência de tortura, mas reforça o fato descrito na própria denúncia de que a vítima, supostamente, foi asfixiada”.

Já quanto a questão do feminicídio, o magistrado declarou que “apesar dos fatos descritos na denúncia, em interpretação ampla e não aprofundada, sugerirem um suposto contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, a lei que instituiu o feminicídio entrou em vigor quase três anos depois da data do fato imputado aos denunciados”, situação em que, por força do Princípio da Anterioridade, a lei penal somente produz efeitos a partir da data em que entra em vigor, podendo retroagir apenas se for para beneficiar o réu.

Há uma grande expectativa em Penedo pela conclusão desse caso que teve grande repercussão, inclusive sendo temas de reportagens veiculadas em todo o país.

A audiência marcada para o dia 18 de outubro será a primeira em que os principais acusados pela morte de Roberta Dias, Karlo Bruno e Mary Jane serão ouvidos na condição de réus, desde que o caso sofreu uma grande reviravolta.

Diálogo em áudio vazado

Em maio de 2020, um áudio mostrando o diálogo de duas pessoas foi vazado. Na gravação, que chegou a ser periciada pela Polícia Federal, Karlo Bruno confessa que participou do sequestro da vítima e que a matou asfixiada, usando um fio de extensão de som automotivo, crime praticado na presença do namorado e pai do filho que a jovem esperava.

Após análise do áudio, o Ministério Público de Alagoas (MPAL) concluiu também que a sogra de Roberta Dias, Mary Jane, “foi a mentora e financiadora da empreitada criminosa”.

A avó do filho da jovem e Karlo Bruno foram denunciados por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima); ocultação de cadáver e aborto provocado por terceiro.