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Mulher que engasgou em restaurante de SP fala sobre ação de PMs que a salvaram

Vídeo do estabelecimento registrou o momento em que os policiais aplicaram os procedimentos de socorro

Por G1 SP 14/10/2022 08h08
Mulher que engasgou em restaurante de SP fala sobre ação de PMs que a salvaram
Andreia Nunes foi salva por PMs após se engasgar com pedaço de carne em SP - Foto: Arquivo Pessoal

"Passaram tantas coisas na mente. Fiquei tão desesperada que apertava o tempo todo os braços dos policiais. É algo tão horrível que nem sei dizer a sensação. Foi um alívio tão grande quando fui salva. Os policiais foram anjos em um momento desesperador." O relato é da empresária Andreia Nunes de Lucena Martins, de 51 anos, que foi salva por policiais militares após engasgar com um pedaço de carne enquanto almoçava em um restaurante no Centro de São Paulo na última segunda-feira (12).

Um vídeo do estabelecimento registrou o momento do resgate feito por dois PMs que realizavam patrulhamento perto do comércio e foram acionados

Ao g1, Andreia contou que mora em Brasília (DF) e há 30 anos vai para a capital paulista pelo menos uma vez por mês para comprar mercadorias para sua loja. As viagens sempre são feitas com o marido, mas nesta última ela precisou ir sozinha.

Na segunda, ela estava com uma amiga e resolveu almoçar por volta das 13h. O engasgo ocorreu minutos após ela começar a comer.

"Estava almoçando tranquila. Na segunda ou terceira garfada, coloquei um pedaço de carne, e não era grande. Não dá para entender como engasguei. Tentei tomar líquido, mas não descia. Foi quando fiquei em pé, desesperada", conta.

Andreia conta que, em questão de minutos, já viu os policiais ao seu redor, que começaram a fazer a manobra para que ela "desafogasse".

"Teve o momento que um dos policiais tentou tirar pela boca o pedaço de carne, só que não conseguiu. Não saiu. Aí foi onde eles continuaram com a manobra até que eu conseguisse retornar. Tem algumas coisas que lembro e outras coisas a minha amiga contou, como eu ter desmaiado."

A empresária ressalta que a ação rápida foi fundamental para que pudesse desengasgar. "Minha gratidão pelos policiais é enorme. Muito ruim estar em um lugar em que você não mora. Eles foram fundamentais para não ter acontecido algo mais grave. Meu aniversário é dia 7 de outubro, mas agora o dia 10 de outubro também será lembrado", afirma.

Três tentativas

Os policiais militares que salvaram Andreia relataram ao g1 que conseguiram resgatá-la após a terceira tentativa da manobra de Heimlich. Em 20 anos de corporação, eles nunca tinham realizado tal procedimento.

"Eu aprendi a manobra na escola de formação da PM, mas nunca havia aplicado em uma vítima nos meus anos de corporação. Se eu e meu parceiro não tivéssemos ali, e se não fosse rápido, certeza que ela iria morrer porque estava muito asfixiada. Graças a Deus que deu tudo certo", ressaltou o cabo da PM Cleudson Bispo Leite.

O cabo Cleudson e o cabo Romilson Bispo dos Santos cumpriam atividade delegada na região do Centro de São Paulo, quando foram informados que uma mulher estava sem conseguir respirar após se engasgar com alimento perto de onde eles estavam.

"Trabalhamos no policiamento na área central e estávamos muito perto do restaurante, que fica no Centro. Chegamos muito rápido. No local, a mulher estava já desfalecendo, uma situação bem crítica mesmo. Sem perder tempo, já iniciamos o atendimento de emergência. Não deu nem tempo de pedir reforço", contou o cabo Romilson.

Ainda de acordo com o policial, foram feitas três tentativas da manobra, em revezamento, para que a mulher pudesse expelir o alimento e voltar a respirar.

"O meu parceiro começou a fazer a manobra. Mas aí foi necessário o revezamento porque ela estava muito asfixiada e, como a pessoa acaba 'relaxando por estar desfalecendo', ela acaba ficando pesada. Achamos que ia perder ela. Só no terceiro revezamento ela conseguiu expelir o pedaço de carne. Eu tenho certeza que, se não tivéssemos ido lá, ela ia morrer. Foi coisa de Deus."

Os policiais relataram ainda que, após a vítima desengasgar, ela desmaiou.

"Foi preciso reanimar e colocamos perto da janela para [tomar] um ar. Ela chorou bastante e nos agradeceu. Quando descemos as escadas, outros clientes do restaurante que acompanhavam a ação, nos aplaudiram e isso foi gratificante. Salvar vida sempre é bom", diz o cabo Romilson.

Manobra de Heimlich

A manobra de Heimlich foi inventada em 1974 pelo médico de mesmo sobrenome, Henry Heimlich, nos Estados Unidos.

A prática médica consiste em se colocar atrás da vítima de um sufocamento e provocar a expulsão do que está obstruindo a via aérea com uma forte pressão com as mãos na boca do estômago.

O "abraço", ou compressão abdominal, é repetido algumas vezes até que o objeto que impede a passagem de ar seja expelido.