Ex-militar é condenado a 26 anos por feminicídio de professora em Arapiraca
José Cabral cumpre prisão domiciliar desde que sofreu um AVC
O ex-cabo da Polícia Militar, José Cabral do Nascimento, foi condenado a 26 anos de prisão em regime fechado pelo feminicídio da professora Claudenice Oliveira Pimentel. O júri popular, que aconteceu no Fórum de Arapiraca, foi concluído na noite desta terça (22).
Em entrevista para o programa Na Mira da Notícia - Arapiraca, a irmã da vítima, Claudiane Pimentel, afirmou que a família tem a sensação de "dever cumprido" com a condenação do feminicida.
"Esta era a última coisa que a gente poderia fazer pela Claudenice. A sensação de saber que ele foi condenado pelo crime é de dever cumprido. Isso traz um pouco de alívio no coração, apesar de não mudar o fato de os filhos dela terem crescido sem a presença da mãe, nem todo o trauma sofrido pela filha, que precisou sair de Arapiraca depois de tudo que aconteceu", declarou, Claudiane Pimentel.
José Cabral do Nascimento está preso desde a época do crime, que aconteceu em 03 de agosto de 2011. Há seis anos, no entanto, ele sofreu um AVC e passou a cumprir prisão domiciliar. Paralelo ao processo civil, ele respondia também a processo militar, que resultou na expulsão dele da Polícia Militar.
A família da professora Claudenice Pimentel acompanhou todo o julgamento, incluindo a filha da vítima, Keroly Pimentel, que também foi alvo do padrasto no dia em que a mãe foi assassinada. A jovem, que na época tinha apenas 14 anos, ficou gravemente ferida, e após se recuperar, foi enviada para casa de parentes em outro Estado, onde reside, desde então.
Claudiane contou que a irmã era professora, mãe de Keroly e de outro menino que vivia com a avó, e havia se casado com José Cabral. Segundo ela, Claudenice era vítima de violência física, psicológica e patrimonial e havia rompido o relacionamento com o condenado. O policial militar, no entanto, não aceitava o término, e, no dia do crime, havia voltado para a casa onde a professora morava com a filha e acompanhou a ex-companheira em um culto evangélico.
Depois que retornaram para casa, o policial militar estrangulou Claudenice e ateou fogo na residência. Ele também estrangulou e forçou a enteada a beber gasolina. Quando a casa estava incendiando, ele saiu e trancou o imóvel com um cadeado novo, uma vez que a família tinha cópia da chave do cadeado anterior.
O Corpo de Bombeiros foi acionado quando as chamas já estavam visíveis do lado de fora do imóvel. Eles conseguiram resgatar a adolescente, mas Claudenice morreu carbonizada.
Segundo informações, apesar da condenação em regime fechado, a defesa de José Cabral vai entrar com recurso para tentar anular a decisão. Até lá, ele deve continuar em prisão domiciliar.