Justiça

Réus do caso Roberta Dias vão a júri popular 11 anos após o crime

Karlo Bruno Tavares e Mary Jane Araújo foram pronunciados pela justiça nesta segunda-feira (03)

Por 7Segundos com Assessoria/TJ-AL 03/07/2023 17h05 - Atualizado em 03/07/2023 18h06
Réus do caso Roberta Dias vão a júri popular 11 anos após o crime
Roberta Dias tinha 18 anos e estava grávida quando foi assassinada - Foto: Reprodução

O juiz da 4ª Vara Criminal de Penedo, Nelson Fernando de Medeiros Martins, pronunciou nesta segunda-feira (03) os réus Karlo Bruno Pereira Tavares e Mary Jane Araújo dos Santos para que ambos sejam julgados pelo Tribunal do Júri pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, que nesse caso, foi a jovem estudante Roberta Dias, residente na cidade de Penedo, localizada na região do Baixo São Francisco de Alagoas.

Os réus ainda serão julgados pelos crimes de aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante, ocultação de cadáver e corrupção de menor.

A pronúncia dos réus feita pela justiça significa que o juiz se convenceu, com base nas provas apresentadas nos autos do processo, de que os indícios que apontam para a autoria e a materialidade do crime são suficientes. A data do julgamento ainda não foi marcada.

O caso

Roberta Dias tinha 18 anos quando foi vista pela última vez em 11 de abril de 2012 após sair de casa para fazer uma consulta de pré-natal. Roberta estava grávida do namorado, Saulo Araújo, que na época tinha 17 anos.

Só que ela não chegou ao destino. Conforme as investigações da polícia à época, a família do namorado não aprovava o relacionamento e a mãe do rapaz teria tentado convencer Roberta a fazer um aborto. Por conta disso, ela foi considerada a primeira suspeita do desaparecimento.

As investigações sobre o caso foram presididas por vários delegados e tiveram vários suspeitos investigados e descartados. O pai de Roberta Dias, Ademir Dias, que buscava justiça e exigia a elucidação do crime, foi executado em um ponto de ônibus na zona rural de Piaçabuçu em 2014, mas ainda não se sabe se a morte do pai da jovem teria alguma relação com o caso.

Áudios


O desaparecimento de Roberta Dias, no entanto, só começou a ser esclarecido em 2018, após o vazamento de um áudio periciado pela Polícia Federal em que Karlo Bruno, amigo de Saulo Araújo, namorado de Roberta Dias e apontado como o pai da criança que ela esperava, relata como ele próprio (Karlo Bruno) teria matado e enterrado o corpo da jovem, com a ajuda de Saulo.

Entre os detalhes revelados na gravação, ele conta como Saulo fez para encontrar a jovem antes de Roberta Dias chegar ao posto de saúde e como ela foi convencida a sair com ele para conversar.

Além disso, o áudio de Karlo Bruno revela detalhes sobre a forma como Roberta Dias foi assassinada e onde eles enterraram o corpo, em uma área de praia deserta em Piaçabuçu.

No áudio, Karlo Bruno confessa que participou do sequestro da vítima e que a matou asfixiada, usando um fio de extensão de som automotivo, crime praticado na presença de Saulo Araújo, segundo os relatos.

Após análise do áudio, o Ministério Público de Alagoas (MPAL) concluiu também que a sogra de Roberta Dias, Mary Jane, “foi a mentora e financiadora da empreitada criminosa”.

A avó do filho da jovem e Karlo Bruno, amigo de Saulo, foram denunciados pelo MPAL por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima); ocultação de cadáver e aborto provocado por terceiro.

Restos mortais


O achado de um crânio em um areal em uma praia do município de Piaçabuçu, no dia 18 de abril de 2021, levou a família de Roberta Dias a fazer uma busca particular na região, e três dias depois, parte de um esqueleto humano, foi encontrado no local.

Mônica Reis, mãe de Roberta Dias, estava convicta de que aquela ossada seriam os restos mortais de sua filha, devido a peças de roupa que a jovem usava no dia que desapareceu. Em entrevista exclusiva para o 7Segundos, ela disse que ter a oportunidade de enterrar a filha traria alívio para ela e a família.

Após a confirmação por parte de um laudo pericial emitido pelo Laboratório de Genética de Forense do Instituto de Criminalística, que se tratava, de fato, da ossada de Roberta Dias, a família pôde, enfim, fazer a cerimônia de sepultamento da jovem, que ocorreu em novembro de 2021, quase dez anos após o seu desaparecimento
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