Vereador condenado por transfobia afirma que falas durante sessão foram feitas sob forte emoção
Francisney Joaquim vai recorrer em liberdade
O vereador de Coruripe Franciney Joaquim (MDB), que foi condenado a 2 anos, 4 meses e 15 dias de prisão, por discurso de ódio contra pessoas transexuais, afirmou que as falas proferidas por ele durante uma sessão da Câmara Municipal foram feitas sob forte emoção.
Em seu momento de fala no decorrer do julgamento, ocorrido na última quarta-feira (16), o parlamentar se defendeu dizendo não poder corrigir e apagar o que fez, mas que não entendeu sua fala como algo que incitou o ódio.
“Eu estava muito emocionado naquele momento em defesa quando falei da minha filha, eu me vi naquele banheiro com minhas filhas e um homem entrando, e me senti diminuído. Não sou homofóbico e a minha fala, a meu ver, não teve a intenção de incitar a violência contra homens, mulheres ou pessoas trans”, disse o parlamentar.
Em abril deste ano, durante sessão da Câmara de Coruripe, o vereador Franciney Joaquim comentou o caso de uma mulher trans que tentou usar o banheiro público feminino em uma praça da cidade litorânea e foi impedida por um funcionário da limpeza urbana.
"Se eu estiver em uma praça com as minhas filhas e algum 'cabra' desse quiser entrar lá no banheiro feminino, vai ser difícil ele sair sem a gente ter um entendimento. Além dele sofrer uma coça, porque a minha opinião é que ele sofra uma pisa boa, ele ainda vai para o rigor da lei por importunação sexual", disse o vereador à época.
De acordo com a sentença, proferida pelo juiz Filipe Ferreira Manguba, da 2ª Vara de Coruripe, o vereador, por ser bacharel em direito, possui conhecimento da legislação e, por isso, ao proferir o discurso de ódio, na condição de vereador, cujas palavras têm potencial de influenciar seus eleitores e terceiros, revelou uma intensidade do dolo que extrapola o tipo penal.
O vereador Franciney Joaquim vai recorrer em liberdade.