O superintendente de Vigilância em Saúde, Evandro Melo, e a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Ruana de Paula, explicaram que foi aplicado "protocolo de barreira" no caso da morte de uma criança com suspeita de meningite, e não há motivos para a população de preocupar com a transmissão da doença.

"O protocolo que adotamos, a quimioprofilaxia, que é aplicada em casos suspeitos de doença meningocócica, é o mesmo aplicado quando há casos confirmados. Ele cria uma barreira que dificulta o surgimento de novos casos", declarou Evandro Melo.

Por volta das 17h de segunda-feira (21), um menino de quatro anos de idade, morador do bairro Boa Vista, deu entradan na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Noel Macedo com sintomas de febre, diarreia, vômito e dor abdominal. Apesar do esforço e cuidado da equipe médica, o menino sofreu uma crise convulsiva e entrou em óbito pouco depois das 21h.

Após a constatação da morte, foi colhido material encaminhado para análise do Lacen, e o corpo da criança foi levado para necropsia no Serviço de Verificação de Óbito (SVO), em Maceió. O atestado de óbito aponta como causa da morte a suspeita de meningite.

Segundo Evandro Melo, o SVO também colheu material para exame de cultura, que deverá ficar pronto nos próximos dias. O resultado do Lacen vai servir como uma segunda confirmação ou descarte da doença.

Ainda na segunda-feira, a Secretaria Municipal de Saúde começou a tomar providências sobre o caso. De acordo com Ruana de Paula, foram identificadas as pessoas com quem a criança teve contato prolongado nos últimos cinco dias: os pais e avós, que residem na mesma casa que a criança; as duas professoras e as 14 crianças que estudam na mesma turma que ele, no Centro de Educação Infantil Boa Vista.

"O protocolo estabelece que as pessoas que tiveram contato prolongado com o paciente de cinco a sete dias anteriores aos sintomas devem ser submetidas a quimioprofilaxia. Aqueles que tiveram contato rápido não correm risco de contaminação", explicou a coordenadora de Vigilância Epidemiológica.

A quimioprofilaxia consiste na administração de um antiobiótico específico por um prazo de dois dias. A medicação chegou de Maceió e ainda na segunda-feira, as pessoas que tiveram contato prolongado com a criança já iniciaram o tratamento.

Caso seja constatado que a causa da morte da criança foi meningite, a Secretaria Municipal de Saúde pode adotar como medida complementar a vacinação de bloqueio, que é a verificação e a vacinação das pessoas que não estão imunizadas para a doença que residem na região.

"Toda situação de óbito é preocupante, ainda mais no caso dessa criança, cuja situação evoluiu de forma muito rápida. Mesmo assim, não há motivo de preocupação porque todas as medidas necessárias estão sendo tomadas", afirmou Evandro Melo.

De acordo com ele, apesar de sempre serem notificados casos suspeitos de meningite em Arapiraca, faz anos que nenhum caso é confirmado na cidade, ao contrário de Maceió, que na última semana teve um caso de doença meningocócica tipo C confirmado.

O que é meningite?

Meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que recobrem o cérebro e meluda espinhal. Pode ter origem viral, bacteriana ou fúngica.

Evandro Melo afirma que muitas pessoas são portadoras do vírus da meningite, mas que a maioria das pessoas não desenvolvem a doença e não apresentam nenhum tipo de sintoma, mas podem transmitir. O contágio acontece pelas vias áereas, durante contato prolongado entre a pessoa infectada e a pessoa não-infectada.

Entre os principais sintomas estão a febre e a dor de cabeça. Também é muito comum que o paciente com doença meningocócica tenha rigidez na nuca - não consegue baixar a cabeça até o queixo encostar no peito, ou sente dor intensa ao fazer isso - e apresente efusões hemorrágicas, que se manifestam com manchas avermelhadas na pele.

Ruana de Paula afirma que todos os postos de saúde de Arapiraca foram orientados a receber os pacientes com esses sintomas e a comunicar de imediado a Secretaria de Saúde.

E a prevenção da doença é feita por meio da vacinação. O calendário de vacinação infantil inclui a vacina contra a meningite tipo B, que é a mais comum. Mas a vacina para meningite tipo C está disponível apenas na rede particular.