Estudantes da rede pública participam de soltura de animais silvestres resgatados pela FPI
Crianças e adolescentes falam da importância de manter os animais livres e da propagação do que aprenderam com a experiência
As aves são de extrema importância para o meio ambiente, elas desenvolvem importante papel na natureza como, polinização de plantas, dispersão de sementes e controle de pragas. E uma das ações da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco levou estudantes da rede pública de Santana do Ipanema para participar da soltura de animais silvestres resgatados durante os trabalhos da Equipe Fauna, nessa quinta-feira (7).
"É importante que os estudantes participem dessa ação da FPI para que levem o que aprenderam aqui para casa. Tudo o que estão aprendendo aqui, será repassado para a família, para os vizinhos, para que essa cultura de engaiolar pássaros seja cada vez mais enfraquecida", disse o coordenador da Equipe.
Durante a operação foram resgatados, até a quinta, 794 animais do bioma Caatinga e da Mata Atlântica.
"Para nós da Equipe Fauna é uma alegria chegar a esse momento, contribuindo com o retorno desses espécimes para a natureza, ainda mais com a participação de estudantes. O objetivo da FPI é criar uma nova perspectiva, uma nova visão acerca da conservação e da preservação das espécies" continuou o coordenador.
Vale ressaltar que existe a possibilidade de criar um animal silvestre em cativeiro, contato que esteja em dia com todas as conformidades dos órgãos ambientais.
O secretário de Educação de Santana do Ipanema, Júnior Genuíno, destacou a importância da participação dos estudantes na ação de soltura dos animais.
"É o primeiro contato deles com uma ação como essa, de devolução dos animais para seu habitat. Eles estão encantados e nós muito mais, por ver a felicidade dessas crianças e adolescentes em participar desse momento. Conversei com alguns alunos e me disseram que, ao soltar os pássaros, tiveram a sensação de liberdade, e é essa a sensação que as aves devem sentir", comentou o secretário.
"Não foi apenas uma aula curricular, mas um ensinamento para a vida que deve ser propagado para a comunidade", continuou.
O estudante do 9º ano Matheus Alves Lemos, de 15 anos, relatou o que sentiu ao participar desse momento.
“Me deu uma sensação de muita liberdade, vendo os animais sendo soltos, devolvidos ao seu lugar. Na minha família ainda tem pessoas com o hábito de criar passarinhos em gaiolas, principalmente as que moram no sítio. Isso, no meu ponto de vista, está errado, porque os pássaros devem voar. Passarei tudo o que aprendi hoje para minha família, propagarei esse conhecimento para que no futuro isso não aconteça mais”, disse o estudante.
A estudante Sabrina Ferreira Lima, também do 9º ano, afirmou que viveu uma experiência inesquecível durante a soltura dos pássaros.
“Foi uma experiência inesquecível ajudar a devolver os pássaros para o meio ambiente. Também aprendi muito sobre as cobras e a importância delas para o ecossistema. Não devemos matá-las, mas devolvê-las para seu habitat. Nós é que estamos cada vez mais invadindo a casa delas, e não contrário”, opinou a adolescente.
O promotor de Justiça Kléber Valadares, do Ministério Público do Estado (MPE), explicou que o objetivo da ação é promover educação ambiental, respeito aos animais silvestres e demonstrar aos estudantes a importância de não se manter esses animais em cativeiro e galgarem a liberdade.
“Nós do MPE, juntamente com a Prefeitura de Santana do Ipanema e os órgãos que compõem a FPI, intuímos realizar duas atividades. A primeira, na sede da SOS Caatinga, em São José da Tapera, com a soltura de pássaros da fauna silvestre e uma cobra, junto com os alunos da Rede Municipal de Ensino de Santana do Ipanema. Na oportunidade foi tratada a importância da natureza, da diversidade, da preservação da Caatinga. Em seguida realizamos uma atividade extremamente lúdica com outros alunos, promovendo uma oficina, com a presença do Batalhão de Polícia Ambiental [BPA] e o Instituto do Meio Ambiente [IMA]”, disse o promotor.
Arte com gaiolas
Em outro local da cidade, outro grupo de estudantes participavam de uma oficina com gaiolas apreendidas, e puderam soltar a imaginação para fazer arte com o que antes representava prisão e sofrimento para os pássaros da Caatinga.
“O IMA trabalhou retirando pigmentos de flores para que os alunos fizessem pinturas associadas com a preservação ambiental. O BPA participou com palestras sobre a preservação da Caatinga, fauna, flora e, além disso, a prefeitura, juntamente com os alunos, promoveu atividades lúdicas relacionadas às gaiolas que foram apreendidas pela FPI. Gaiolas que estavam mantendo pássaros em cativeiro”, explicou o promotor Kleber Valadares.
João Lucas, estudante de 14 anos do 8º ano, contou que achou a oficina “maravilhosa” e destacou a importância de não usar mais gaiolas para tirar a liberdade dos pássaros.
“Estamos aprendendo bastante, produzindo artesanato com essas gaiolas, que eram usadas para prender aves silvestres, o que era errado. Com essa experiência, pudemos usar a nossa imaginação, além de aprender muito com o IMA e o BPA, que estiveram aqui para dar a palavra e nos passar bastante conhecimento sobre a preservação da Caatinga”, disse o adolescente.
Maíra Viana, de 13 anos, aluna do 7º ano, aprendeu que prender passarinhos em gaiolas, é maltratar os animais, e pretende levar esse ensinamento para sua família e toda a comunidade.
“Aprendi também sobre a importância das cobras, dos cassacos [gambá] para o equilíbrio do meio ambiente. E com as gaiolas apreendidas, vamos fazer porta-absorventes para as alunas que não podem comprar, e assim, elas não precisarão mais faltar aula por conta disso. Também estamos fazendo porta-racados e muita arte. Adorei essa iniciativa", opinou a estudante.
Destinação correta para centenas de gaiolas apreendidas
No final do dia, um caminhão compactador seguiu até a base da Equipe Fauna, onde centenas de gaiolas apreendidas durante a FPI do São Francisco, foram destruídas para destinação adequada do material.