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Após decisão sobre dividendos Petrobras desaba e perde mais de 70 bilhões

Caso essas quedas sejam confirmadas no fechamento, serão os piores desempenhos percentuais em um dia desde fevereiro de 2021

Por 7segundos 08/03/2024 17h05
Após decisão sobre dividendos Petrobras desaba e perde mais de 70 bilhões
Ações da Petrobras despencaram nesta sexta-feira (8) - Foto: Reprodução

Nesta sexta-feira (8), as ações da Petrobras despencaram e fizeram a companhia perder mais de 70 bilhões em valor de mercado. Isso ocorreu, devido a estatal ter desapontado investidores em não anunciar um pagamento de dividendos extraordinários com a divulgação do resultado trimestral.

Por volta de 12h15, os papéis preferenciais desabavam 11,04%, a R$ 35,93 , enquanto as ações ordinárias tinham queda de 12,19%, a R$ 36,23, equivalente a uma perda de R$ 62,4 bilhões em valor de mercado. Os papéis lideravam com folga as perdas do Ibovespa, que cedia 1,36%.

Caso essas quedas sejam confirmadas no fechamento, serão os piores desempenhos percentuais em um dia desde fevereiro de 2021. No pior momento, as PNs recuaram 13,1%, a R$ 35,10, e as ONs caíram 14%, a R$ 35,47 , representando uma perda de R$ 72,7 bilhões em valor de mercado.

A companhia divulgou na véspera um lucro líquido de R$ 31 bilhões referente ao quarto trimestre, recuo de 28,4% ante o mesmo período do ano anterior, com impacto de queda do preço do petróleo, despesas com baixas contábeis e abandono de áreas.

Foi feita proposta de distribuição de dividendos ordinários de R$ 14,2 bilhões, mas sem pagamento extra.

“A Petrobras decepcionou as expectativas do mercado quanto ao pagamento de dividendos extraordinários”, afirmaram analistas do Bradesco BBI, acrescentando que a empresa optou por reter caixa, enquanto o mercado esperava de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões em pagamentos extraordinários referentes a 2023.

Vicente Falanga e Gustavo Sadka acrescentaram em nota a clientes que a decisão da empresa de pagar apenas 2,9 bilhões em dividendos pelos resultados do quarto trimestre, com base no mínimo exigido pela política da estatal, “traz incerteza à política, que costumava ser muito clara”.

Após o anúncio da véspera, eles reduziram a sua premissa de US$ 5 bilhões por ano para dividendos extraordinários para US$ 2 bilhões por ano, além dos pagamentos mínimos de US$ 9,6 bilhões para o restante de 2024 e US$ 7,8 bilhões para 2025.

“Como resultado, não vemos mais o ‘dividend yield’ da Petrobras como atraente em comparação com seus pares globais… Assim, rebaixamos nossa recomendação para “neutra” e reduzimos nosso preço-alvo para US$ 17 por ADR (41 por ação PN) de US$ 20 ( R$ 48 )”, afirmou a equipe do Bradesco BBI.

Analistas do Santander também cortaram a recomendação das ação da Petrobras para “neutra”, assim como o preço-alvo em 2024 para US$ 18/ADR (R$ 47/ação).

“Acreditamos que a falta de dividendos extraordinários manda sinais confusos em relação à estratégia de alocação de capital de curto prazo, especialmente porque vemos a Petrobras detendo cerca de US$ 18 bilhões em caixa no final de 2023”, disse a equipe do Santander.

Também os analistas do Bank of America Caio Ribeiro e Leonardo Marcondes cortaram a recomendação dos papéis da companhia, bem como preço-alvo das ações para R$ 38 (US$ 16 para o ADR) ante R$ 48 reais (US$ 20,2), citando expectativas significativamente mais baixas de retorno de caixa total e maior percepção de risco.

A Petrobras tem sido uma grande pagadora de dividendos a seus acionistas nos últimos anos, com distribuição generosas principalmente durante a gestão anterior, quando a empresa pagou significativamente mais do que qualquer outra grande petroleira ocidental durante pelo menos dois trimestres.

“A mensagem que foi passada é muito clara: os investidores devem esperar apenas dividendos mínimos para a Petrobras”, escreveram analistas do JPMorgan, dizendo que o pagamento do quarto trimestre representa um baixo yield de dividendos de 8,1% em 2024, “substancialmente abaixo dos pares”.

Em relatório a clientes, explicando por que decidiram não rebaixar as ações após a decisão, analistas do BTG Pactual afirmaram ter dificuldade em prever utilizações para os dólares retidos na reserva de capital que possam sacrificar o potencial extra de geração de caixa da estatal.

Também acrescentaram que, mesmo assumindo a previsão de investimento para 2024, a Petrobras ainda deverá gerar US$ 4 bilhões em caixa extra este ano, o que significa que a reserva de capital continuará a crescer.

E ainda ressaltaram que a reserva de capital constituída somente poderá ser utilizada — a partir de hoje — para garantir recursos para remuneração dos acionistas, assim, usá-la para outros fins exigirá alterações no estatuto.

“Embora não pensemos que isso possa ser descartado, também pensamos que é possível uma potencial reavaliação da decisão de não distribuir dividendos adicionais, embora a vontade do mercado de aceitar isto pelo valor nominal seja muito limitada”, afirmou a equipe do BTG