Polícia

Quase 9 meses após feminicídio, acusado da morte de Mônica Cavalcante em Tapera é preso na Bolivia

Crime chocou a sociedade devido vídeo gravado pela vítima momentos antes de ser assassinada

Por Patrícia Bastos/ 7Segundos com PCAL 04/04/2024 13h01 - Atualizado em 04/04/2024 17h05
Quase 9 meses após feminicídio, acusado da morte de Mônica Cavalcante em Tapera é preso na Bolivia
Após matar esposa, Leandro Pinheiro se escondeu na Bolívia, onde se relaciona com outra mulher - Foto: PCAL

A Polícia Civil prendeu Leandro Pinheiro Barros, acusado do feminicídio de Mônica Cristina Cavalcante Alves, assassinada em 18 de junho de 2023, em frente ao Fórum de São José da Tapera.

A prisão foi efetuada após trabalho da Diretoria de Inteligência Policial (Dinpol), sob o comando do delegado Thales Araújo na cidade de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. A ação policial contou com a cooperação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), inteligência da Polícia Rodoviária Federal e Centro Regional de Inteligência Antinarcóticos da Polícia Nacional da Bolívia.

Segundo informações da Polícia Civil alagoana, Leandro estava morando na cidade boliviana, onde já mantinha um relacionamento amoroso com uma estudante de medicina e mantinha vida social. "Conseguimos a cooperação 

Leandro Pinheiro foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de homicídio triplamente qualificado: feminicídio, motivo torpe e com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e era foragido da Justiça.

O pai do acusado, o PM reformado José Nilton Barros foi preso, em janeiro de 2024, acusado de participar de outro homicídio ocorrido na cidade sertaneja. Segundo a polícia, José Nilton teria colaborado com a fuga do filho, que teria até mesmo mudado a aparência de propósito para evitar ser reconhecido.

(continua após a imagem)

Relembre o caso

O assassinato de Mônica Cavalcante, de 26 anos, teve repercussão nacional devido um vídeo gravado por ela, momentos antes de ser assassinada, em que ela revelava ser vítima de violência doméstica e contava que estava se escondendo do marido porque tinha medo de ser assassinada. No vídeo - que também pode ser visto ao final desta matéria - ela chega a afirmar que, se fosse encontrada morta, o responsável era o marido dela.

"Quem achar o meu celular, saiba que Leandro me agrediu várias vezes psicologicamente e fisicamente. Eu fiz de tudo para a gente ser feliz, mas não deu. Era um relacionamento abusivo. Me desculpe se alguém está triste vendo esse vídeo, mas não fique. Estou apenas tentando me esconder dele. A gente estava em uma festa e meu pai fez uma brincadeira que, infelizmente, ele não gostou. Uma brincadeira boba, sabe? Mas, por conta do álcool, ele se alterou. Na verdade, ele já estava alterado. Então, se alguém achar esse celular, e eu estiver morta, foi Leandro Pinheiro Barros", disse a vítima.

Horas depois, o corpo da jovem foi encontrado com ferimentos de disparos de arma de fogo no estacionamento do Fórum de São José da Tapera. Desde então, Leandro Pinheiro Barros não foi mais visto na cidade. Os dois filhos do casal, um menino e uma menina, ficaram aos cuidados dos familiares.

Diante da repercussão do crime, as investigações sobre o caso, iniciada pelo delegado da cidade, Diego Nunes, foi instituída uma comissão para dar andamento ao inquérito policial e às buscas ao acusado instituída pelo Delegado Geral de Polícia Civil, Gustavo Xavier e composta pelos Delegados Diego Nunes, titular do 38º DP - São José da Tapera, Thales Araújo - DINPOL e Igor Diego Vilela - DRACCO.

Em julho de 2023, moradores de São José da Tapera fizeram uma manifestação pedindo justiça por Mônica Cavalcante e outras vítimas de feminicídio.