Viralizou cobrança do clube de futebol Vitória sobre produtos comercializados com a logo do time
Empreendedores receberam notificações do Vitória por “produto falsificado” após usar símbolos do time em canecas, coletes e outros itens
Artesãos e empreendedores receberam notificação extrajudicial do Vitória após usar símbolos do clube de futebol em produtos como caixinhas de papelão, decoração para topo de bolo, biquíni, caneca, chaveiro e colete junino.
O time derrubou perfis nas redes sociais e cobrou entre R$ 1,4 mil e R$ 1,6 mil no acordo oferecido para retirar a denúncia.
Um dos alvos é a artesã Lucilene Soares de Souza, que vendeu caixinhas de papelão e topo de bolo com escudo e o mascote para um aniversário que teve o clube de futebol como o tema.
A encomenda foi feita por um torcedor do time. O topo de bolo custa de R$ 20 a R$ 25 e a caixinha é vendida por R$ 5,50.
O acordo proposto pela No Fake, empresa que representa o Vitória, prevê que Lucilene reconheça a comercialização de produtos falsificados, se comprometa a não vendê-los mais e pague R$ 1,6 mil.
Lucilene disse que “os danos causados” pela atitude do clube “são maiores que o lucro”, porque ela fazia as vendas da papelaria artesanal com produtos de diversos temas pela página no Instagram, com 2 mil seguidores, que está suspensa desde 7 de agosto, após o time fazer denúncia para a rede social. “Esse é o único meio de sustento meu e das minhas duas filhas, de 2 e 4 anos”, afirmou.
A artesã Luane Rodopiano relatou, nas redes sociais, que teve a conta no Instagram bloqueada após fazer uma boneca de pano, a pedido de uma criança, com o escudo do Vitória. “Dói demais ser torcedora do Vitória e ter que passar por isso. Eu só quis fazer homenagem ao meu time que aprendi a amar”, lamentou.
“Peço ajuda do Vitória, pois a No Fake disse que só iria tirar a queixa do Instagram se eu pagasse os R$ 1,5 mil. Perdi 1.500 seguidores e contatos com meus clientes”, comentou Luane em uma publicação do Vitória.
A empreendedora Naama Rodrigues, que foi apresentadora do canal do Vitória, disse que vendeu seis coletes juninos com escudo do time, foi notificada pelo clube e negociou o pagamento. “Fizeram pressão para pagar multa de R$ 1,5 mil, dividida em seis meses. Eu paguei uma parcela, a outra está em atraso e, pasmem, estão me cobrando R$ 120 de juros. É um abuso”, relatou.
O time de futebol afirmou, em nota divulgada nas redes sociais, que as recentes notificações da No Fake “são feitas para empresas, não pessoas físicas”.
Após repercussão negativa das cobranças, segundo o time, “há um novo alinhamento entre o clube e a NoFake, de direcionar as forças para grandes empresas, as pequenas, como o caso em questão, serão notificadas, sem a cobrança inicial de multa, que acontecerá caso a empresa permaneça comercializando a marca”.
Tatuagens e nome
Torcedores e artesãos se indignaram com a atitude do clube e comentaram na publicação do Vitória. “Meu nome é em homenagem ao time. A multa é minha ou do meu pai?”, ironizou uma internauta. “Vocês que têm tatuagem do Vitória, é melhor esconder o braço”, disse outro.
“Ano passado, a própria equipe do Vitória entrou em contato com a loja de personalizados da minha mãe como se fosse cliente, perguntando se ela vendia caneca do Vitória. Quando ela respondeu que sim, não responderam mais nada. Dois dias depois, entraram em contato dizendo que ela estava sendo processada por direitos autorais, e logo em seguida a conta da loja foi derrubada”, relatou outro usuário da rede social.
“Meu amigo, torcedor do clube e estava comercializando capinhas de celular e vocês mandaram uma notificação no valor de R$ 1,4 mil”, disse outro.