Suspeitos foram autuados em flagrante pela morte de Ana Clara em Maravilha
Investigações apontam que autor das facadas teria pedido vítima em namoro
O jovem de 20 anos, autor das facadas, o dono do carro, de 22, e a namorada dele, de 25, foram autuados em flagrante pelo assassinato de Ana Clara Firmino da Silva, 12, morta com facadas na noite de quinta-feira (02), no Centro de Maravilha.
O trio foi preso no domingo (05) em uma ação policial que contou com a participação do Pelopes e do Grupamento da PM de Maravilha. O delegado Carlos José Melro, que estava em plantão na delegacia regional de Delmiro Gouveia, lavrou o auto de prisão em flagrante. Com isso, os acusados só poderão responder em liberdade mediante decisão judicial.
De acordo com Melro, os depoimentos dos acusados apresentam contradições. Enquanto o dono do carro e a namorada declararam que o autor das facadas teria pedido uma carona ao final da festa para fazer uma entrega e que eles teriam ficado dentro do carro durante o crime. O jovem de 20 anos disse que o casal teve participação direta no ataque que vitimou fatalmente Ana Clara e deixou um adolescente de 17 anos ferido, que teria sido cometido com o intuito de roubar.
A polícia, no entanto, trata o caso como feminicídio, a partir das informações do casal de que o crime teria sido motivado por ciúmes, já que anteriormente o jovem de 20 anos teria pedido para namorar a menina de 12 e ela teria recusado a proposta.
O pai de Ana Clara, Ailton Silva, que atua como radialista em uma rádio comunitária de Maravilha, expressou sua revolta em entrevista à Rádio Milênio na manhã desta segunda (06). Ele declarou que conhece a família do acusado e disse que gostaria de entender o porquê de o jovem ter decidido matar uma menina de 12 anos após ter sido rejeitado.
"Coitados dos pais, dizem que eles estão doentes. O pai dele é muito amigo meu, a mãe também, mas quero que a justiça seja feita e que ele [o acusado] fique preso. [Se ficasse frente a frente com ele] eu perguntaria porque ele fez isso, porque ele tirou a vida da minha criança", declarou, dizendo que a cidade está chocada com o crime.
A mãe de Ailton, dona Josefa, que também criou Ana Clara e a irmã mais nova dela, também deu um depoimento emocionado. Ela contou que levou a adolescente para passar um período em São Paulo, com o objetivo de afastá-la da influência de algumas amizades, e que elas retornaram para Maravilha no mês de outubro.
"Eu dava conselho para ela se afastar daquelas amizades. Eu dizia: muitas das suas amigas são falsas, têm inveja. Você, que é jovem e bonitinha, se arrumar um namorado, namore para todo mundo saber. Você não é mulher casada, não tem necessidade de namorar escondido", contou.
Feminicídio
O crime de feminicídio acontece quando a mulher é vítima de violência de gênero, ou seja, quando a violência acontece pela razão de a vítima ser mulher.
No caso de Ana Clara, de 12 anos, que foi assassinada por se recusar a ter um relacionamento com um jovem oito anos mais velho que ela, o caso é tratado como feminicídio e não "crime passional", termo que tenta justificar o ato praticado pelo assassino, dando a entender que ele teria agido com violência "por amor".
Ana Clara foi vítima. Nada do que ela fazia, o modo que se vestia, se comportava, ou as amizades que ela tinha, justifica o assassinato, cometido por um jovem de 20 anos que não aceitava ter sido rejeitado por uma menina de 12.
De acordo com o Código Penal, a pena pelo crime de feminicídio é de 20 a 40 anos de reclusão.
Relembre o caso
Ana Clara Firmino, de 12 anos, foi assassinada a facadas por volta da meia-noite dos dias 02 para 03 de janeiro, nas proximidades de uma creche, no Centro de Maravilha.
Ela estava acompanhada de outro adolescente, de 17 anos, quando um carro parou perto deles e um jovem, com o rosto coberto pela camisa, os atacou com uma faca.
O adolescente de 17 anos, mesmo ferido, conseguiu fugir para pedir ajuda. Já Ana Clara, após ser sofrer uma perfuração na região das nádegas, foi assassinada com uma facada nas costas.
Após o crime, o assassino fugiu no carro, que era ocupado por outras duas pessoas.
Quando a ajuda chegou, Ana Clara já estava morta, com uma faca cravada nas costas.