Curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Uneal é reconhecido pelo Selo ODS Educação
Primeira versão do curso foi financiada pelo governo federal por meio do Programa de Licenciatura Intercultural Indígena

O Curso de Licenciatura Intercultural Indígena (CLIND) da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) foi reconhecido pelo Selo ODS Educação 2024, concedido pelo Instituto Selo Social. Iniciado em 2010, o CLIND surgiu como resposta à luta dos povos indígenas de Alagoas pela garantia de uma educação específica e diferenciada em todos os níveis.
O curso tem como objetivo formar professores indígenas para atuar nas escolas de suas comunidades, atendendo às especificidades culturais e linguísticas de cada povo. Ele é realizado no Campus III da Uneal, em Palmeira dos Índios, e resulta de uma parceria entre a universidade, o Ministério da Educação (MEC) e a Gerência de Educação Indígena da Secretaria de Estado da Educação.
A primeira versão do CLIND foi financiada pelo governo federal por meio do Programa de Licenciatura Intercultural Indígena (PROLIND) e formou 67 professores de sete povos indígenas de Alagoas: Kariri, Jeripancó, Wassu, Koiupanká, Tingui Botó, Karapotó Plaki-Ô e Xucuru Kariri. Atualmente, o curso atende a 240 alunos indígenas, distribuídos em cinco cursos: Geografia, História, Letras, Pedagogia e Matemática. As aulas ocorrem em quatro polos: Agreste (Palmeira dos Índios), Baixo São Francisco (São Sebastião), Sertão (Pariconha) e Zona da Mata (Joaquim Gomes), contemplando 12 etnias: Wassu-Cocal (Joaquim Gomes); Xucuru Kariri (Palmeira dos Índios); Tigui-Botó (Feira Grande); Karapotó Plaki-Ô e Karapotó Terra Nova (São Sebastião); Aconã (traipu); Kariri-Xocó (Porto Real do Colégio); Jeripankó, Katokinn e Karuazu (Pariconha); Kalankó (Água Branca); Koiupanká (Inhapi).
O CLIND é um símbolo de resistência e transformação social. Além de garantir educação superior indígena em um formato específico, o curso promove mudanças significativas na qualidade de vida das comunidades indígenas. Parcerias com órgãos do governo do estado de Alagoas, como SEPLAG e EGAL, têm sido fundamentais nesse processo. Através do programa “Pontapé - Primeiro Emprego Indígena”, 165 bolsas foram concedidas aos graduandos, promovendo dignidade, autoestima e redução da evasão escolar.
A importância do CLIND também é evidenciada pelos depoimentos de seus alunos. Manuela Suíra de Souza, de 29 anos, aluna do curso de Letras Português no Polo Baixo São Francisco e pertencente ao povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio, compartilhou a sua experiência.
“O CLIND impactou profundamente o meu crescimento pessoal, me proporcionando uma transformação que vai além do conhecimento acadêmico. Ele me ajudou a desenvolver uma visão mais ampla sobre o mundo e sobre mim mesma. No campo profissional, o CLIND foi fundamental para a minha evolução, me preparando para atuar como educadora e fortalecendo minha auto confiança. Foi também graças ao CLIND que tive a oportunidade de ingressar no programa Pontapé, vivenciando a realidade da educação e contribuindo para o crescimento dos alunos. No aspecto indígena, o CLIND me ajudou a fortalecer minha identidade e a valorizar ainda mais a cultura do meu povo. Essa formação é um compromisso com minha comunidade e a luta por um futuro mais digno para todos nós.”
A coordenadora do CLIND, professora Iraci Nobre, possui uma trajetória acadêmica e profissional que reflete seu compromisso com a causa indígena. Doutora em Ciências da Linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco e Mestre em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Alagoas, Iraci é uma das idealizadoras do Núcleo de Estudos Indígenas (NEIPI) da Uneal e liderou a implementação do PROLIND, que deu origem ao CLIND. Ela foi reconhecida com o título de Comendadora pela UNICAP, em 2015, em homenagem ao seu trabalho com os povos originários, e em 2024 recebeu a Medalha Silvio Vianna, a mais alta honraria concedida pelo Governo de Alagoas a servidores públicos que se destacaram por sua dedicação e impacto social.
“O CLIND não é apenas um curso de formação acadêmica, é um instrumento de luta e resistência dos povos indígenas. Cada aluno formado representa um avanço na preservação, valorização das culturas e na busca por uma educação mais justa e inclusiva”, destaca a coordenadora.
A certificação com o Selo ODS Educação 2024 é mais um reconhecimento do impacto transformador do CLIND. A cerimônia será realizada no dia 20 de março de 2025, às 14h, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, reafirmando a relevância do curso na promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A inscrição dos projetos para certificação do Selo ODS Educação 2024 foi realizada pelo Escritório de Projetos e Processos (EPP) da Uneal. Além do CLIND, outras nove iniciativas foram reconhecidas, garantindo a certificação da Uneal.
Confira a lista
1. Universidade Aberta à Pessoa Idosa - UNAPI/UNEAL
2. Modernização dos Espaços de Aprendizagem
3. Casa de Vegetação - Estufa Uneal
4. LABIMA - Laboratório de Informática e Metodologias Ativas
5. Moderniza Uneal
6. PARFOR Equidade: Formação de Professores para uma Educação Mais Inclusiva
7. Modernização das Bibliotecas
8. Programa Bolsa Alimenta
9. PROBRINCAR - Programa de Formação para Organização e Planejamento de Tempos e Espaços para o Brincar
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