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Tony Tornado sobre ver mais negros na TV: "Da vontade de chorar"

Aos 95 anos, Tony Tornado revisita uma vida marcada por aventuras, militância, arte e histórias que atravessam continentes

Por BBC News 20/11/2025 09h09
Tony Tornado sobre ver mais negros na TV: 'Da vontade de chorar'
Aos 95 anos, Tony Tornado fala sobre carreira, experiências e legado - Foto: Vitor Serrano/BBC

Hoje no ar na TV Globo como Lúcio na novela Êta Mundo Melhor e com agenda de shows intensa, Antonio Viana Gomes, o Tony Tornado, tem aos 95 anos, o aperto de mão de um homem forte, como sua figura de 1,94 metros, pouco curvada, transparece.

Tirando uma dor nos quadris que o faz ter dificuldade de sentar e levantar de assentos baixos, são mesmo as memórias as únicas capazes de revelar a sua idade.

Paraquedista no Exército, onde conheceu Senor Abravanel, o Silvio Santos, "um cara espetacular que vendia (cera de) carnaúba para limpar botas", Tony participou da primeira Força de Emergência das Nações Unidas (ONU), em missão no Canal do Suez, no Egito, no fim dos anos 1950.

Conviveu com os Panteras Negras e líderes do movimento por direitos civis dos negros nos EUA, onde diz ter sido cafetão e vendedor de drogas, além de dividir loucuras nas ruas do Harlem, em Nova York, com seu amigo Sebastião Rodrigues Maia, o Tim Maia.

"Sobrevivi no meio de tudo aquilo, com dignidade", diz.

De volta ao Brasil, ganhou festival de música, estampou capas de revistas por um "polêmico" romance inter-racial com a atriz Arlete Salles e ostentou o cabelo black power, influenciando o movimento negro no país.

"Aquele cabelo que eu trouxe nos Estados Unidos, que pouca gente lembra, não era só estética, era a identificação de uma raça, de uma maneira de ser, de encarar o seu irmão branco, seu irmão amarelo, e dizer: 'Olha o negão aí, eu tô na área. Se derrubar é pênalti, entende?'"