Muçulmanos pedem calma antes do jogo entre Espanha e Marrocos
Tensões políticas e sociais rondam o jogo
Líderes muçulmanos na Espanha pediram calma antes da decisão da Copa do Mundo entre Espanha e Marrocos nesta terça-feira (6), em meio a temores de uma repetição dos problemas com a torcida na Bélgica na semana passada.
Fotografias e vídeos mostraram carros sendo esmagados e capotados, e incêndios começaram em Bruxelas após a surpreendente derrota da Bélgica por 2 a 0 para o Marrocos, no Catar.
A tropa de choque disparou canhões de água e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão e o tráfego de metrô e bonde foi interrompido.
Os reforços policiais foram aumentados em Madri e outras partes da Espanha antes da partida em caso de problemas.
Existe a preocupação de que grupos de extrema-direita como o Vox, que é a terceira maior força política com 52 legisladores no parlamento, possam causar problemas.
A violência entre os marroquinos que vivem na Espanha é extremamente rara, mas os dois países são vizinhos próximos e as tensões políticas existiram no passado sobre questões como a imigração ilegal.
Rabat ainda reivindica Melilla e Ceuta, os enclaves espanhóis no norte da África, como territórios marroquinos.
Mais de 870.000 cidadãos marroquinos vivem na Espanha, tornando-os o maior grupo de estrangeiros, seguido por romenos e britânicos, segundo dados do governo. Muitos mais descendentes de marroquinos se naturalizaram espanhóis.
Existem grandes comunidades de marroquinos na região nordeste da Catalunha, Múrcia no sudeste e Almeria no extremo sul.
A Federação Espanhola de Entidades Religiosas Islâmicas emitiu um comunicado pedindo calma a todos os apoiantes de Marrocos.
“Qualquer que seja o resultado, seja um prazer para alguns ou uma tristeza para outros, (que) as manifestações não possam produzir desordem pública que prejudique os nossos vizinhos ou a área local que é para uso de todos”, lê-se no comunicado.
“O esporte, no caso do futebol, tem que servir aos princípios do Islã, que é respeito, tolerância e união e não divisão”, finalizou a entidade.