Futebol Alagoano

Após afastamento, Mirian Monte renuncia à presidência do CSA e faz série de criticas

Mirian Monte foi afastada do CSA por decisão do Conselho Deliberativo, sob acusação de gestão temerária

Por Lane Gois 02/09/2025 18h06 - Atualizado em 02/09/2025 18h06
Após afastamento, Mirian Monte renuncia à presidência do CSA e faz série de criticas
Mirian Monte - Foto: Divulgação / CSA

Um dia após ser afastada da presidência executiva do CSA pelo Conselho Deliberativo, Mirian Monte oficializou sua renúncia ao cargo nesta terça-feira (2), durante pronunciamento à imprensa em um empresarial no bairro da Pajuçara, em Maceió. A ex-presidente comentou pela primeira vez a crise no clube após o rebaixamento à Série D do Campeonato Brasileiro.

"O vice-presidente constituído legitimamente, Robson Rodas, terá o direito de decidir se permanece ou não, conforme o estatuto do clube. O que ele me informou é que vai assumir a presidência do CSA, e terá de mim todo o desejo de sucesso e boa sorte", afirmou Mirian.

Durante o pronunciamento, Mirian defendeu sua gestão, alegando que o clube está com os salários em dia e criticou o que chamou de "vazamentos seletivos" sobre os pagamentos de premiações — os chamados "bichos" — aos jogadores.

"Engraçado que vazaram os pagamentos de bichos justo agora, né? Isso devasta o nosso futebol. Está enraizado nos atletas. Eles cobram isso. Mas não me vendo e não me corrompo por dinheiro. O clube não deve salários a ninguém", declarou.

A temporada 2025 foi financeiramente positiva para o CSA fora de campo: o clube arrecadou mais de R$ 11 milhões com a campanha na semifinal da Copa do Nordeste e nas quartas de final da Copa do Brasil. Ainda assim, o time não conseguiu o acesso e foi rebaixado para a quarta divisão do Brasileirão.

Mirian Monte foi afastada do cargo pelo Conselho Deliberativo na última segunda-feira (1º), sob a alegação de "gestão temerária", segundo o presidente do conselho, Clauwerney Ferreira. A ex-presidente, no entanto, afirmou que já havia sinalizado sua intenção de renunciar.

"Eu disse ao Conselho que apresentaria minha carta de renúncia em 15 dias. Já tinha esse desejo. Mas soube do meu afastamento pela imprensa. Não fui convidada nenhuma vez para reuniões do Conselho durante a minha gestão, e agora fui bombardeada por ofícios", afirmou.

Ela também rebateu críticas feitas por conselheiros na reunião que decidiu seu afastamento:
"As pessoas que estavam ali para julgar não queriam nos ouvir. Foi uma perseguição ao longo do ano inteiro", acusou.

Mirian detalhou como funcionavam os pagamentos de premiações aos jogadores, prática comum nos bastidores do futebol brasileiro. Segundo ela, a diretoria era informada da relação de beneficiários, mas a distribuição do valor ficava a cargo dos próprios atletas.

"Todo bicho era de conhecimento da diretoria. Os jogadores mandavam a lista, e o dinheiro era repassado para eles. Teve diretor que recebeu bicho no jogo contra o Grêmio", afirmou.

Ao comentar o rebaixamento, Mirian apontou uma queda de rendimento repentina da equipe e sugeriu que fatores internos podem ter influenciado o resultado.

"O clube tinha 99% de chance de permanecer na Série C e apenas 1% de risco de cair. Mas foi justamente esse 1%, essa banda podre, que rebaixou o clube", disse.

"Esse 1% pode ter sido o desgaste dos atletas, o foco excessivo nas copas, reforços que não renderam... Mas também pode ter sido pelas obscuridades do futebol, e eu não posso deixar de falar disso", completou

Mirian também ressaltou que a previsão de receita para 2026 é de R$ 8,8 milhões. Segundo ela, a janela de transferências, que se encerrava nesta terça-feira (2), exigia agilidade para resolver pendências contratuais — o que teria sido comprometido pelo seu afastamento.

"Hoje era o último dia da janela. Fizemos acordos com jogadores, 90% já foram pagos. Restam R$ 35 mil. Se temos atletas como Enzo indo para o Grêmio e Brayann para o Goiás, é porque o time não foi tão desastroso assim", declarou.

Abalo pessoal e decisão de sair


A ex-presidente revelou que já havia decidido se afastar por conta da pressão e das ameaças que vinha sofrendo.

"Nos últimos jogos, eu dizia aos jogadores que não me afastaria, para não abalar a equipe. Mas a violência foi demais. Minha filha me ligava com crises de pânico, pedindo para eu tomar cuidado nos estádios. Eu só queria que tudo isso acabasse bem. Não existe ninguém mais triste do que eu", desabafou.

Resumo da crise

Mirian Monte foi afastada do CSA por decisão do Conselho Deliberativo, sob acusação de gestão temerária.