Reprovação do governo Temer dispara e vai para 51%, segundo o Datafolha
Levantamento aponta que brasileiros considerma gestão do peemedebista ruim ou péssima
A popularidade do presidente Michel Temer (PMDB) despencou desde julho, acompanhada da queda na confiança na economia a níveis pré-impeachment, revela nova pesquisa Datafolha.
De acordo com o levantamento, 51% dos brasileiros consideram a gestão do peemedebista ruim ou péssima, ante 31%, em julho.
O levantamento foi realizado entre 7 e 8 de dezembro, antes de virem à tona novos detalhes de delação da Odebrecht com menções a Temer.
Aqueles que veem o governo do presidente como regular reduziram-se a 34%. No levantamento anterior, durante a interinidade do peemedebista, eram 42%.
No período, a percepção da população sobre a economia se deteriorou. Para 66%, a inflação vai aumentar; 19% apostam que ficará como está e 11% preveem queda. O crescimento do desemprego é aguardado por 67%. Outros 16% disseram que diminuirá e 14% acham que fica estável.
Quanto ao poder de compra, 59% opinaram que vai diminuir, 20%, que não se alterará e 15%, que aumentará.
Nos últimos meses, a situação econômica do país piorou na avaliação de 65% da população e se manteve como estava para 25%; 9% disseram que houve melhora.
Sobre a situação pessoal do entrevistado, a percepção de piora recente corresponde a 50% dos brasileiros. Para 38%, ficou como estava e 10% disseram que melhorou.
EXPECTATIVA EM RELAÇÃO À SITUAÇÃO ECONÔMICA DO PAÍS
No futuro próximo, 41% acham que a economia se deteriorará, 27%, que não se alterará e 28% apostam em melhora. Do ponto de vista pessoal, 27% aguardam pioras na própria situação econômica, 37%, melhoras e 32% apostam em estabilidade.
O Índice Datafolha de Confiança caiu de 98 pontos, em julho, para 87 –mesmo patamar registrado em fevereiro.
TURBULÊNCIAS
O pessimismo na economia e a má avaliação de Temer ocorrem em meio a uma sucessão de crises. O peemedebista assumiu com a promessa de compor um ministério de "notáveis", em que a recuperação da economia seria prioritária à gestão.
Desde então, seis ministros caíram –quatro deles por envolvimento em escândalos decorrentes da Lava Jato.
A recessão econômica se agravou e está próxima de ser a pior da história. São dez trimestres consecutivos de encolhimento da atividade. O desemprego afeta 12 milhões de pessoas (11,8%).
A demora do governo em levar adiante reformas estruturais frustrou o mercado e inibiu redução da taxa básica de juros mais enérgica.
Nesse cenário, o otimismo inicial com a queda de Dilma Rousseff (PT) se reverteu.
Para 40% da população, a gestão Temer é pior do que a anterior. Para 34%, é igual e 21% a consideram melhor.
Em abril, um mês antes de ser afastada no início do processo, a petista registrou reprovação de 63%.
COMPARAÇÃO COM DILMA
O índice de ótimo/bom de Temer caiu de 14% em julho aos atuais 10%. Não souberam avaliar o governo 5% dos entrevistados.
Segundo o Datafolha, a população considera o presidente falso (65%), muito inteligente (63%) e defensor dos mais ricos (75%). Metade dos brasileiros veem Temer como autoritário e 58%, desonesto.
De zero a dez, a nota média dada ao desempenho do governo Michel Temer é 3,6.
O Datafolha ouviu 2.828 pessoas com 16 anos ou mais. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
POR ELEIÇÃO DIRETA, 63% QUEREM QUE PRESIDENTE RENUNCIE
A maioria da população brasileira (63%) é favorável à renúncia do presidente Michel Temer (PMDB) ainda neste ano para que haja eleição direta, apontou a pesquisa do Datafolha.
Segundo o levantamento, 27% dos entrevistados se disseram contra a saída do peemedebista para esse fim, 6% se declararam indiferentes e 3% não souberam responder.
Para que a população vá às urnas e escolha um novo presidente para o mandato-tampão, seria necessário que Temer deixasse o cargo até 31 de dezembro.
Segundo o artigo 81 da Constituição Federal, um novo pleito direto deve ser convocado em 90 dias se os cargos de presidente e vice-presidente ficarem sem titulares.
Do contrário, a eleição é indireta. "Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita 30 dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional", determina o texto constitucional.
No questionário, o Datafolha expôs resumidamente esse cenário.
"Uma situação em que poderia haver eleição antecipada para a Presidência no Brasil seria em caso de renúncia de Michel Temer até o final deste ano. Você é a favor ou contra Michel Temer renunciar até o final do ano para a convocação de uma nova eleição direta para a Presidência da República?", perguntou o instituto.
A pesquisa, realizada entre 7 e 8 de dezembro, com 2.828 pessoas de 16 anos ou mais, tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
CHAPA
A parcela da população que queria uma nova eleição direta em julho é a mesma que a atual.
Naquela ocasião, o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) estava em curso. Para que houvesse nova eleição direta, era necessário que tanto ela quanto Temer deixassem os respectivos cargos.
No questionário anterior, o Datafolha perguntou se o entrevistado era "a favor ou contra Michel Temer e Dilma Rousseff renunciarem para a convocação de novas eleições para a Presidência da República ainda neste ano".
Das pessoas ouvidas pelo instituto à época, 62% defenderam a renúncia de ambos a fim de que se realizasse novo pleito direto; 30% foram contra; 4% não sabiam e 4% se declararam indiferentes.
No Tribunal Superior Eleitoral, tramita uma ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer da eleição de 2014, o que pode provocar a saída do peemedebista do cargo.
O caso, porém, não terá uma definição neste ano. Se o tribunal cassar o peemedebista, haverá uma eleição indireta no Congresso.
SAÚDE SUPERA CORRUPÇÃO COMO PIOR PROBLEMA PARA A POPULAÇÃO
A saúde voltou a ser o principal problema do país para a população, depois de um ano em que a corrupção ocupou o topo do ranking.
Segundo a pesquisa do Datafolha, 33% consideram a assistência médica a grande falha do país e 16%, desvios de recursos públicos.
A última vez que a saúde havia figurado numericamente como maior preocupação dos brasileiros foi em junho de 2015.
Desde então, fora ultrapassada pela corrupção (37%), que teve seu auge como principal problema aos olhos da população em março deste ano, um mês antes do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Naquela pesquisa, a saúde foi lembrada por 17%.
Com 32%, a corrupção continuou no topo em pesquisa realizada em julho deste ano, durante a interinidade de Michel Temer (PMDB). A saúde manteve os 17% pesquisa anterior, em segundo lugar.
Hoje, depois de saúde e corrupção, para 16% dos brasileiros, o desemprego preocupa mais do que qualquer outro problema, apontou o levantamento. Depois vem educação, para 10%.