Desembarcaram na base aérea militar de Brasília na manhã desta sexta-feira (16) os colombianos, civis ou militares, que contribuíram no resgate às vítimas da tragédia do avião da Chapecoense, que ocorreu em 29 de novembro. O grupo chegou em um voo que aterrissou às 9h48 (de Brasília), após cinco horas de viagem desde Bogotá. Dentro dele estava o menino Johan Alexis Ramírez Castro, de 15 anos, conhecido como o "anjo" que foi um dos primeiros a ajudar no dia do acidente.

"É minha primeira vez aqui. Estou muito feliz porque é a primeira vez que viajo de avião, mas para podermos andar de avião e virmos a outro país a única forma foi por meio de uma tragédia. Me dói", disse Johan Alexis após a aterrissagem. Ele receberá a Ordem do Rio Branco em cerimônia às 16h, que terá presença do presidente Michel Temer. A condecoração também será entregue a outros convidados, assim como a Ordem do Mérito da Defesa.

Os visitantes foram recebidos com tapete vermelho na saída do avião. O ministro da defesa Raul Jungmann e o embaixador da Colômbia no Brasil Alejandro Borda estavam presentes no local na chegada da aeronave. Jungmann, inclusive, protagonizou uma gafe ao comentar a chegada dos colombianos ao Brasil.

"O governo, do presidente Juan Manuel Santos, das autoridades policiais, forças armadas, que não mediram esforços, trabalhando noite e dia para que tudo pudesse ocorrer ao tempo e a hora. De forma que este é um gesto de gratidão para com o afeto e o carinho do povo boliviano para com os brasileiros nessa hora tão dolorida, sofrida", afirmou Jungmann, confundindo a nacionalidade dos visitantes.

"Nada mais justo do que homenageá-los, o que será feito logo mais pelo presidente Temer e dizer a eles que o Brasil os recebe de braços e coração aberto e com imensa gratidão pela solidariedade que depois se estendeu a todo mundo. Dentro dessa tristeza, disso tudo, um momento de alegria, confraternização, paz e proximidade entre Brasil e Colômbia que agora estão muito mais juntos", completou.

Federico Gutiérrez Zuluaga, prefeito de Medellín que receberá a Ordem de Rio Branco, comentou como o comportamento do povo da cidade perante a tragédia mudou a percepção sobre ela, famosa por seu vínculo com o narcotráfico no passado.

"A solidariedade do povo colombiano ajuda a mudar a percepção das pessoas em relação ao nosso país, que muita gente acha que é só narcotráfico ou drogas, mas sim solidariedade. Isso que a gente viu agora é a Colômbia, ajuda mútua, solidariedade, pois somos irmãos Brasil e Colômbia", declarou o político.

Além do "anjo" Johan Alexis e de Zuluaga, serão homenageados com a Ordem de Rio Branco a secretária de Governo de Antioquia, Victoria Eugenia Ramírez Velez; o diretor executivo da Agência de Cooperação de Medellín e Área Metropolitana, Sergio Escobar Solórzano; o diretor do Departamento Administrativo de Gestão de Risco e Atenção a Desastres de Medellín; a apresentadora da TV Caracol e ainda o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon.

O general Carlos Eduardo Bueno, comandante da Força Aérea Colombiana, o general Jorge Hernando Nieto Rojas, comandante geral da Polícia Nacional, o coronel Fábio Alberto Sánchez Montoya, chefe do Comando Aéreo de Combate (Base Aérea Rio Negro), Gustavo Villegas Restrepo, secretário de Segurança e Convivência de Medellín, e Juan David Arteaga Florez, subsecretário de Proteção Social de Antióquia, receberão a Ordem do Mérito de Defesa.

A cidade de Medellín também foi condecorada, recebendo a insígnia da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.

Após o término dos eventos oficiais na capital brasileira, os convidados retornarão à base aérea e pegarão um voo de volta para a Colômbia.