MPE e PC investigam fraudes em concursos públicos em Alagoas
Lideres do bando teriam fraudado concursos da Ufal, Ifal, Prefeitura de Maceió e Polícia Militar
Uma operação da Polícia Civil (PC) da Paraíba resultou na prisão de 19 pessoas suspeitas de integrarem uma quadrilha que fraudava concursos público no Nordeste. As investigações também eram realizadas pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Durante uma entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (8), policiais da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), da PV paraibana, o bando atuava há cerca de 12 anos e é responsável por fraudar cerca de 40 concursos.
Os líderes da quadrilha, os irmãos Flávio Nascimento Borges, 34 anos, e Vicente Fabrício Borges, 32 anos, foram os primeiros a serem presos por determinação da Justiça. Eles moram em um condomínio de luxo em João Pessoa, na Paraíba.
Flávio Nascimento foi aprovado em 15 concursos, incluindo os da Prefeitura Municipal de Campina Grande, em 2015, e o da Polícia Militar de Alagoas, no qual ele acumula, respectivamente, os cargos de fiscal de obras e de cabo da PM. Em um dos concursos, para a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), o suspeito chegou a ser classificado e aprovado em dois cargos.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o irmão de Flávio Nascimento chegou a ser aprovado em 11 concursos e também acumula cargo de policial militar em Alagoas com o de servidor da Prefeitura Municipal de Santa Rita. A polícia vai investigar se a classificação dos dois nos 26 concursos teria sido feita de forma fraudulenta.
Entre os presos estão servidores públicos favorecidos pelo esquema, candidatos à vagas que estavam em processo de seleção, além de professores responsáveis por repassar as respostas aos alunos.
Em depoimento alguns dos envolvidos confessaram que grupo agia de forma sistemática e hierárquica. Existiam núcleos em várias capitais como Maceió (AL) e Natal (RN), mas o topo do esquema estava justamente em João Pessoa. Os irmãos considerados líderes do bando são servidores públicos após fazerem concurso com o uso da fraude.
O primeiro concurso fraudado pelo grupo foi o da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em 2005 e, desde então, a quadrilha agia de maneira ininterrupta. Os concurseiros procuravam o grupo através das redes sociais e os criminosos os orientavam que o esquema só seria realizado por grupos de 10 estudantes. Para isso, era cobrado um valor de 10 vezes o salário da vaga a ser alcançada. Ainda segundo as investigações, o preço variava de R$ 30 mil a R$ 150 mil.
Quando os alunos fechavam o 'pacote' para o esquema, o grupo acionava professores de várias disciplinas como português, informática e matemática, que se inscreviam no mesmo concurso dos alunos beneficiados. Os professores repassavam as respostas da prova para o 'QG' em João Pessoa (PB) e os chefes do núcleo repassavam o gabarito para os alunos via ponto eletrônico.
Concursos fraudados
Ano - Concurso - Organizadora
2005 - Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)
2006 - Câmara Municipal de João Pessoa - Funiversa
2008 - Polícia Militar da Paraíba - UEPC/Comvest
2008 - Fundac/PB - Cespe
2009 - Polícia Civil do Rio Grande do Norte - Cespe
2010 - Guarda Municipal de Cabedelo - IBFC
2010 - Detran/RN - Fundação Getúlio Vargas
2011 - Concurso da Coperve - IFPB
2012 - Guarda Municipal de Bayeux - Contemax Consultoria
2012 - Guarda Municipal de João Pessoa - IBFC
2012 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas
2012 - Prefeitura Municipal de Santa Rita - Asperhs
2012 - Universidade Federal de Alagoas (UFAL) - Fundepes
2013 - Oficial do Corpo de Bombeiros da Paraíba - CPCON/UEPB
2013 - Assembleia Legislativa da Paraíba - Fundação Carlos Chagas
2013 - Detran/PB - Funcab
2013 - Departamento Penitenciário Nacional - Cespe
2013 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB
2014 - Corpo de Bombeiros da Paraíba - IBFC
2014 - Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) - CPCon
2014 - CFO Polícia Militar da Paraíba - Funape
2014 - Concurso Conab1
2014 - Concurso de agente da Polícia Federal - Cespe
2014 - Polícia Rodoviária Federal - Cespe
2014 - Câmara Municipal de Cabo de Santo Agostinho
2014 - Tribunal Regional do Trabalho 13ª Região - Fundação Carlos Chagas
2015 - Ministério Público da Paraíba - Fundação Carlos Chagas
2015 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB
2015 - Prefeitura Municipal de Campina Grande - CPCON/UEPB
2015 - Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe - Fundação Carlos Chagas
2016 - Prefeitura Municipal de João Pessoa - Quadrix
2016 - Prefeitura Municipal do Conde - Advise
2016 - Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba - Fundação Carlos Chagas
2016 - Prefeitura Municipal de Alhandra - Educa - Assessoria Educacional
2016 - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - Fundação Getúlio Vargas
2016 - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - Covest
2016 - Concurso Contemax
2016 - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) - Instituto AOCP
2016 - Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
2017 - Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) - Comperve/RN
Também são investigadas a participação da quadrilha em fraudes contra concursos na Prefeitura de Maceió e no Instituto Técnico Federal (Ifal)
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