Polícia Federal realiza operação na Câmara dos Deputados
A PF (Polícia Federal) realiza uma operação na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta quarta-feira (13). Os gabinetes e as residências dos deputados federais Dulce Miranda (PMDB-TO) --mulher do governador do Tocantins, Marcelo de Carvalho Miranda (PMDB)-- e Carlos Gaguim (Pode-TO) são alvos de buscas e apreensão.
A operação foi solicitada pela PGR (Procuradoria Geral da República) e autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O UOLainda não conseguiu contato com as defesas dos parlamentares.
A ação é a 6ª fase da Operação "Ápia", iniciada em outubro de 2016, para desarticular uma organização criminosa que, segundo as investigações, atuou no Estado de Tocantins. Segundo a PGR, outras 14 pessoas também foram alvo dos mandados.
De acordo com a PF, o grupo corrompeu servidores públicos, agentes políticos e fraudou licitações públicas e execução de contratos administrativos celebrados para a terraplanagem e pavimentação asfáltica em várias rodovias estaduais, em valores que superaram a cifra de R$ 850 milhões.
No total, o STF autorizou 16 mandados de busca e apreensão e oito de intimação contra investigados. As ações são realizadas na Câmara e também em Palmas e Araguaína (TO). Os mandados estão sob sigilo, segundo o Supremo.
O movimento no quinto andar do anexo 4 da Câmara, onde fica o gabinete de Dulce Miranda, é calmo, mas a circulação está limitada. Somente funcionários e deputados têm a permissão para entrar no local.
Já o acesso ao segundo andar, onde se situa o gabinete de Gaguim, está restrito. A sala do parlamentar é uma das mais próximas aos elevadores do hall de entrada e, por isso, há agentes da PF isolando a área. A porta de Gaguim está decorada com uma guirlanda de Natal e conta com cartaz escrito "Eu amo Tocantins".
Segundo relatos de testemunhas, o gabinete de Gaguim foi aberto por volta das 7h40. Todas as ações são acompanhadas por policiais legislativos.
A operação da PF apura os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro "decorrentes de vários pagamentos de propinas" realizados pela empresa CRT (Construtora Rio Tocantins), de propriedade de Rossine Ayres Guimarães, que tem acordo de colaboração premiada, a integrantes do núcleo político investigado.
Segundo as investigações, as obras foram custeadas por recursos públicos adquiridos pelo Estado do Tocantins por meio de empréstimos bancários internacionais e com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), tendo o Banco do Brasil como agente intermediário dos financiamentos, no valor total de R$ 1,2 bilhão.
"Os recursos adquiridos tiveram a União Federal como garantidora da dívida contraída com Banco do Brasil e foram batizados pelo governo estadual como programa 'Proinveste' e 'Proestado'", diz a PF em nota.
A investigação apontou para um esquema de direcionamento das contratações públicas mediante pagamento de propina de empresários que se beneficiavam com recebimentos por serviços não executados.
Segundo a PF, o núcleo político do grupo criminoso era responsável por garantir as contratações e o recebimento de verbas públicas indevidas por parte dos empresários corruptores.
*Colaboraram Gustavo Maia e Luciana Amaral, em Brasília.