Pais que denunciaram agressão em creche são acusados de chantagem
O caso veio a público e foi veiculado em vários veículos de comunicação, mas ao ser procurada pelo 7Segundos, a creche enviou nota estarrecedora, onde relata que os pais do garoto tentaram chantagear a unidade de ensino.
O que parecia mais um triste caso de agressão contra uma criança pode sofrer grande reviravolta. O vídeo de um menino com hematomas na internet, o depoimento de pais revoltados e uma creche no meio do turbilhão, esse era o roteiro de um revoltante caso de abuso ocorrido dentro de uma unidade para crianças, onde a principal acusada é uma professora. Mas a história ganha novos rumos e os ‘mocinhos’ podem se tornar ‘vilões’.
Tudo aconteceu na última terça-feira (23), em uma creche no bairro nobre da Ponta Verde, em Maceió. Os pais de um dos alunos matriculados na unidade de ensino relatam que naquele dia a criança tinha um semblante triste e ao chegar em casa notaram hematomas pelo corpo do menino.
De acordo com Paulo Soares, pai do garoto de dois anos, ele e a esposa foram buscar o filho na escola e notaram algo estranho com o menor. Segundo Paulo, o menino está sempre alegre e tem uma energia de um garoto de dois anos, mas nesse dia notaram algo errado. “Ao chegar da creche notamos que nosso filho estava cabisbaixo. Quando minha esposa foi dar banho nele notou alguns hematomas nos dois braços, marcas de agressão física”.
Ainda segundo Paulo, no mesmo dia ele entrou em contato com a direção da escola, mas não souberam explicar a situação. “Assustados, olhamos na bolsa e não havia nenhum tipo de comunicado sobre briga com nenhum colega de classe, na mesma noite, entramos em contato com a creche, porém, desconheciam o ocorrido” relatou.
Os pais voltaram à escola e exigiram ver as imagens das câmeras de segurança da Escola Vovó Eulália. Após várias horas assistindo, os pais confirmam que os equipamentos registraram o momento em que a professora, aparentando um pouco mais de dureza, pega o menino pelos braços.
Revoltado, o pai do menor utilizou as redes sociais para desabafar e alertar outros pais que podem ser vítimas desse tipo de situação. Ao 7Segundos, ele desabafou “O que pesa como pai é o sentimento de indignação e impotência”.
“Uma cena terrível que pai nenhum merece ver, vi meu filho ser agredido por ela (a professora) de uma forma tão absurda que não existe justificativa, nem pedido de desculpas que diminua a revolta que estamos sentindo”, desabafou o pai em sua conta pessoal nas redes sociais.
Paulo conta que retirou o filho da escola e que as medidas judiciais estão sendo adotadas. A criança foi submetida ao exame de corpo delito no Instituto Médico Legal (IML) e passou por uma avaliação médica, onde a agressão foi constatada.
A “chantagem”
O caso veio a público e foi veiculado em vários veículos de comunicação, mas ao ser procurada pelo 7Segundos, a creche enviou nota estarrecedora, onde relata que os pais do garoto tentaram chantagear a unidade de ensino. A nota relata que os pais pediram o valor de R$ 30 mil para não tornar o caso público. A nota diz que o pai do garoto guardaria o assunto de ‘forma tumular’ se fosse indenizado pelo valor de R$ 30 mil. Toda a conversa ocorreu no escritório do advogado dos pais do garoto. Uma segunda reunião teria ocorrido no escritório do advogado ainda ontem, dia 1º, onde a diretora da escola disse não ter condições de pagar o valor cobrado e ofereceu contraproposta de R$ 5 mil reais, quantia recusada.
A escola alega não se tratar de valor indenizatório, pois o valor em questão não tratava do dano causado ao menor, mas do valor exigido pelo pai para não tornar o caso público. Leia trecho: “Ou seja, os fatos expostos na mídia pelo Sr. PAULO SOARES TEIXEIRA FILHO realmente ocorreu, lamentavelmente uma irresponsável praticou os atos reportados na notícia que se lê nas redes sociais, porém, o pai do menor, Sr. PAULO, só esqueceu de dizer que exigiu R$30.000,00 (trinta mil reais) para ficar calado, ficando claro a chantagem;”
É também da escola a informação de que ao verificar a agressão, a professora foi demitida ‘sumariamente’. E escola também classificou como injustificável o comportamento da professora.
Por fim, a escola lamenta o fato e diz estar aberta para explicar aos outros pais tudo que ocorreu envolvendo a professora, o aluno e seus pais.
Leia a nota na íntegra:
A ESCOLA VOVÓ EULALIA, representada neste ato por sua titular Maria Isabel Freitas Daniel, vem de público, prestar os devidos esclarecimentos sobre o fato ocorrido no dia 23 de janeiro próximo passado;
Lamentavelmente a professora NADJA SOUZA DA SILVA BUARQUE, injustificadamente, pegou com suas mãos nos bracinhos de uma criança deixando marcas (vermelhidão) nos locais afetados pelo gesto da referida professora;
Que os pais da criança perceberam os braços da criança marcados e se dirigiram a escola; e, em chegando na mesma procuraram saber o que ocorreu;
Verificando-se as câmeras percebeu-se, claramente, o que realmente havia ocorrido e ato continuo a Escola Vovó EULALIA demitiu a professora sumariamente por justa causa.
Pois bem, os pais da criança levaram a mesma, afirmando que ali ela não ficava mais para estudar. E, no dia seguinte o Sr. Paulo, genitor do menor, através de seu advogado, Dr. Denarcy telefonou para a representante da Instituição Educacional solicitando uma reunião com a mesma, cujo evento ocorreu no escritório do referido profissional. Veja, na reunião foram discutidos dois pontos, sendo eles o seguinte:
1. Qual a providência que a escola teria tomado com relação à professora? O que foi respondido que a professora havia sido demitida por justa causa;
2. O Sr. Paulo disse que não havia comentado nada com ninguém a respeito do ocorrido, pois se tornasse público iria expor as outras crianças que estudam na mesma sala. Contudo para que o assunto fosse guardado de forma tumular a escola teria que arcar com o pagamento de uma “indenização” esta no importe de R$30.000,00 (trinta mil reais), caso contrário o assunto iria se tornar público, pois o Sr. Paulo iria colocar em jornais e nas redes sociais. E, foi concedido um prazo para que a Escola se pronunciasse sobre a proposta.
Que, no dia 01 de fevereiro a Sr.ª Isabel retornou ao escritório do Dr. Denarcy Souza e Silva; e, na oportunidade afirmou que não tinha condições de pagar o valor proposto para manter o sigilo sobre o ocorrido, pois o máximo que poderia pagar seria R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para as despesas do advogado e que o que cabia à escola ela fez, ou seja, demitir a funcionária em por justa causa e relatar o ocorrido para os pais da turma.
Esclarece que nas duas reuniões ocorridas no escritório do Dr. DENARCY, a escola se fez representar por sua titular, Sra. Maria Isabel Freitas Daniel, a qual se fez acompanhar de seu advogado Gilberto Lamarck de Oliveira, o qual participou ativamente da reunião.
Ou seja, os fatos expostos na mídia pelo Sr. PAULO SOARES TEIXEIRA FILHO realmente ocorreu, lamentavelmente uma irresponsável praticou os atos reportados na noticia que se lê nas redes sociais, porém, o pai do menor, Sr. PAULO, só esqueceu de dizer que exigiu R$30.000,00 (trinta mil reais) para ficar calado, ficando claro a chantagem;
A Escola Vovó Eulália tem quase 20 anos no mercado e nunca, em nenhuma oportunidade se descuidou de seus alunos, nunca foi negligente com suas obrigações e lamenta profundamente o fato ocorrido, aproveitando o ensejo para expressar sinceras desculpas aos pais do menor, bem como agradecer a todos os pais que estão apoiando a escola e confiando em nossos serviços.
A Escola Vovó Eulália declara que está de portas abertas para dar explicação a todos os pais de alunos que estudam na mesma e espera contar com a compreensão de todos, deixando claro que não cedeu as chantagens que exigiam o importe de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) primeiro porque não dispõe de tal valor e em segundo lugar porque entendeu tratar-se de uma “proposta” despropositada e por não ter sido atendido a proposta do pai do aluno, o mesmo cumpriu o que prometera fazer caso não lhe fosse pago o valor supra mencionado.
Ao tomar conhecimento da nota, os advogados dos pais do garoto enviaram resposta a imprensa negando que tenham tentado chantagear a escola. lei na íntegra.
NOTA DE ESCLARECIMENTO:
Diante dos fatos ocorridos e noticiados durante todo o dia de hoje, nas mídias de grande circulação no Estado, o Escritório Souza e Silva vem à público esclarecer que: Em momento algum o escritório, seus sócios, associados ou os pais da criança envolvida no incidente pretenderam extorquir a escola. A escola procurou o pai da criança e tentou uma composição amigável, prometendo colaborar com a apuração do ocorrido e fazendo uma proposta de composição de danos cíveis, o que foi rechaçado de imediato quanto a não divulgação do episódio. A ação penal face a agressora já está em curso em sua fase inicial e até o presente momento sequer já se tinha deliberado acerca de uma ação civil em face da escola, mas depois das últimas declarações por ela prestadas parece inevitável essa medida judicial. Lamentamos profundamente a tentativa da escola em desacreditar a família Soares Teixeira de sua dor, tendo em vista que as imagens e o vídeo falam por si só. Na mesma oportunidade o escritório reitera seu compromisso com a sociedade alagoana e se coloca a disposição para esclarecer eventuais dúvidas. O Escritório irá tomar as medidas judiciais necessárias em razão da falsa imputação a ele atribuída pela desesperada nota da Escola Vovó Eulália.
Atenciosamente, Souza e Silva Advogados.