Grupo norueguês reconhece que contaminou rio no Norte do Brasil

O grupo norueguês Norsk Hydro reconheceu nesta segunda-feira (19) que sua fábrica brasileira de alumínio Hydro Alunorte, a maior do mundo, verteu água não tratada no rio Pará.
"Vertemos água de chuva e de superfície não tratada no rio Pará", afirmou o CEO da empresa, Svein Richard Brandtzaeg, em um comunicado.
"É totalmente inaceitável e rompe com o que a Hydro representa. Em nome da empresa me desculpo pessoalmente com as comunidades, as autoridades e a sociedade", completou.
As autoridades brasileiras suspeitam de que a empresa tenha contaminado a água no município de Barcarena, onde se encontra a fábrica, com resíduos de bauxita que teriam transbordado do depósito da fábrica após as fortes chuvas de 16 e 17 de fevereiro.
O grupo norueguês recebeu duas multas de R$ 20 milhões cada, a primeira por "atividades potencialmente contaminantes sem licença ambiental válida", e a segunda, por "operar uma tubulação de drenagem também sem licença".
Um juiz do estado do Pará também obrigou a empresa a reduzir em 50% a produção de sua fábrica de alumínio.
De acordo com o Instituto Evandro Chagas, a "lama vermelha" registrada após as chuvas pode representar riscos para pescadores e outras comunidades próximas à fábrica, com níveis elevados de alumínio e metais tóxicos na água.
De acordo com a empresa, o vazamento não está relacionado com as tempestades de fevereiro.
"Toda a água da chuva e de superfície da refinaria da Alunorte deveria ter sido levada para o sistema de tratamento de água", afirmou o grupo norueguês.
A Norsk Hydro contratou uma auditoria independente da empresa de consultoria SGW Services para esclarecer o caso e, na sexta-feira (16), anunciou um investimento de 500 milhões de coroas (US$ 64 milhões).
A Hydro Alunorte, que pertence em 92,1% à Norsk Hydro, produz 5,8 milhões de toneladas de alumina ao ano. A alumina, extraída da bauxita, é a principal matéria-prima para a produção do alumínio.
As ações da Norsk Hydro perderam 15,82% de seu valor no último mês.
A gestão dos rejeitos de mineração é um tema sensível no Brasil, que registrou, em 2015, a pior tragédia ambiental de sua história: o rompimento de uma barragem com quase 40 milhões de metros cúbicos de resíduos de mineração em Mariana, Minas Gerais.
O tsunami de lama matou 19 pessoas, destruiu várias cidades e percorreu mais de 600 quilômetros pelo rio Doce até o Oceano Atlântico, devastando fauna e vegetação em sua passagem.
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