Governo dá aval a avanço do acordo entre Boeing e Embraer
Negócio ainda dependerá de análises técnicas; acerto prevê criação de nova empresa
Após meses de negociações, o governo federal deu aval ao prosseguimento do acordo entre a americana Boeing e a brasileira Embraer.
As duas fabricantes de aviões irão formalizar nos próximos dias um memorando com os detalhes da criação de uma terceira empresa, que absorverá a linha de aviação regional da brasileira.
O controle da nova empresa será 80% americano, e 20%, brasileiro. Seu conselho terá presença de brasileiro.
O negócio ainda não está certo. Terá de ser informado ao governo, que procederá auditorias que podem levar de três a quatro meses.
Depois, se o processo avançar, o Conselho de Administração da empresa precisa ser consultado, e pela presença da União nele com uma ação com direito a veto, haverá um mês pela deliberação final.
As negociações estão travadas, e houve o temor no governo de que as objeções colocadas impedissem o negócio e dessem ares ideológicos ao imbróglio. O próprio presidente Michel Temer já disse que não perderia a “Embraer nacional”, e o presidenciável Ciro Gomes falou em “retoma-lá” caso fosse vendida.
Há muito de teatro, pois a maioria controle da Embraer está na mão de fundos estrangeiros. O que o governo tem é uma ação preferencial que lhe dá poder de vetar negócios, herança da privatização da ex-estatal em 1994.
Com o arranjo, segundo as contas das duas empresas, ficará resolvida a questão do financiamento da área de despesa —entrave central da discussão.
O governo ficou satisfeito até aqui com os termos prévios apresentados, segundo a reportagem apurou. Ninguém, nem do lado estatal, nem das empresas, comenta o caso.